Djavan reúne talentos negros em interpretações que exaltam o amor, a emoção e a musicalidade em cada faixa
Sabe aquela sensação de ouvir uma música e sentir que ela está falando diretamente com você? Foi exatamente isso que senti ao ouvir Canto Djavan, álbum que reúne jovens vozes negras para revisitar a obra de um dos gigantes da MPB: Jota.Pê e Bruna Black (SP), Melly (BA), Hodari (DF), Jonathan Ferr e Luccas Carlos (RJ). A produção musical é assinada por Uiliam Pimenta, Julio Raposo e Pepê Santos, com direção artística de Max Viana.
Interpretar Djavan é como caminhar numa corda bamba feita de notas e emoções: cada passo exige coragem, e a beleza está em não saber exatamente onde o próximo movimento vai nos levar. Os cantores do selo Slap escolheram essa aventura com alegria e leveza. Nenhum deles se prende a cópias ou covers. Cada interpretação carrega personalidade, memória afetiva e o frescor da música negra contemporânea, atravessando soul, R&B e a pluralidade do nosso país.
A voz grave de Jota.Pê (vencedor de três Grammy Latinos) ecoa ao som de Açaí e Seduzir. Melly, ao revisitar Nem um dia, aquece a saudade e transforma a distância em poesia. Bruna Black nos leva ao sopro do vento nordestino em Ventos do Norte e à ternura de Um amor puro. Jonathan Ferr ilumina cantos menos conhecidos, como Adorava me ver como seu. Hodari com a deliciosa e envolvente versão de Cigano, Luccas Carlos nos tira do deserto da solidão na canção Aridez. Citei algumas das canções que compõem este álbum com 12 músicas, deste artista atemporal que tem o dom de fazer o público sentir a intensidade em cada frase. Cada nota, cada letra é um enigma que atravessa a alma.
Canto Djavan tem livre trânsito por gêneros como MPB, música negra norte-americana, soul e R&B contemporâneo. Celebra o passado e improvisa sobre o presente, mostrando que a música brasileira é, antes de tudo, diversa, criativa e mutante.
Para mim, este projeto reafirma a força da música brasileira. Provoca reflexões e desperta novos olhares, do lado A hits mais cantados em barzinhos e rodas de amigos com bom papo e violão ao encontro sublime com as músicas lado B, canções que soam como uma “nova descoberta ou redescoberta” da obra do artista.
Canto Djavan é mais que um tributo é um convite a sentir, degustar, reconhecer e se apaixonar novamente, enfim, “Djavanear o que há de bom”.
Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Revista Raça Brasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org
