Cantora e compositora Chris Nolasco celebra a mulher negra em show no Recife
O Teatro Santa Isabel será palco de uma celebração à mulher negra. Neste domingo (19), a cantora e compositora baiana Chris Nolasco, nascida em Feira de Santana (BA) e radicada no Recife, apresenta a nova turnê intitulada Sou Negra. O espetáculo é uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no último 25 de julho.
Depois de passar por palcos do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, Chris Nolasco encerra a temporada de Sou Negra na capital pernambucana. No palco, ela recebe os cantores Isaar e Gilú Amaral, fundador da Orquestra Contemporânea de Olinda.
Com trabalho voltado para a valorização da cultura negra, 30% do valor arrecadado com a bilheteria será destinado para a instituição Uiala Mukaji – Sociedade das mulheres negras de Pernambuco, localizada no bairro de Santo Amaro, no Recife. Os ingressos para o espetáculo custam R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 15 (social + 1kg de alimento), à venda na loja Passa Disco e na bilheteria do teatro.
Entrevista // Chris Nolasco
Como se define enquanto artista, musicista e mulher negra?
Chris Nolasco é essencialmente uma mistura boa da artista, da musicista e da mulher negra, reunidas numa caixinha de surpresa com voz meso soprano, que alia a experiência e o bom gosto musical, adquiridos ao longo da formação enquanto cantora, compositora, produtora cultural, assistente social e especialista em etnomusicologia, graduada pela UFPE.
Como utiliza a arte como lugar de fala da mulher negra e empoderada?
Na qualidade de mulher negra, empoderada, eu uso a minha arte para abrir portas, espaços físicos e na mídia em geral, no intuito de contribuir na divulgação dos trabalhos das ONGs, que são as verdadeiras executoras de todo o trabalho, que são as grandes lutadoras e verdadeiras guerreiras deste trabalho de empoderamento da mulher negra.
Como surgiu a ideia de inserir instituições e ONGs no seu projeto?
Era um sonho contribuir na divulgação de instituições e ONGs que trabalham com as questões relacionadas a mulher negra. Através deste projeto eu vi muito próxima essa oportunidade de tornar visíveis trabalhos que muitas pessoas desconhecem. Nesse processo de divulgação do projeto eu enxerguei uma forma interessante de contribuir oportunizando que estes trabalhos apareçam aliados ao meu trabalho, seja com apresentações artísticas ou com stands nas entradas dos espaços onde os meus shows acontecem.
Como costura o trabalho artístico com os movimentos sociais?
Na verdade, não há uma costura com os movimentos sociais, e sim com as ONGs que fazem seus trabalhos inseridas nos movimentos sociais. Então, a minha função nesta tarefa é oportunizar que estes trabalhos ganhem visibilidade através dos espaços que abro em meus shows. Como mulher negra sinto-me honrada em poder contribuir de alguma forma para que estes trabalhos importantíssimos para o empoderamento da mulher negra possam acontecer, ganhem visibilidade e recebam apoio da sociedade. Só assim podemos ampliar a área de atuação dessas importantes organizações.
E sobre o repertório, o que o público pode esperar?
O show conta com algumas canções do CD ‘Pele negra’, além de lindos maracatus, ijexás e também o Hino da África do Sul (NKOSI SIKELEL’ IAFRIKA) que abrirá todos os shows. Fazemos uma bela mistura de manifestações Afro, jazz e samba.
Como analisa o mercado da música atual e como o seu trabalho se encaixa nesse momento?
O mercado da música não é fácil no nosso País, especialmente porque as oportunidades não são equiparadas, niveladas, em todas as regiões, principalmente no Nordeste. Temos um pouco mais de barreiras dentro desse mercado. Mas hoje temos algo positivo que nos traz mais oportunidades ligadas a captação de recursos, como editais de patrocínio e leis de incentivo à cultura, que ajudam a fomentar os trabalhos ligados ao teatro, a música, a dança, enfim, a arte em sua totalidade.