Carnaval de Salvador reforça combate ao racismo e acolhimento de denúncias

O Carnaval de Salvador não é só festa, é também um espaço de luta, resistência e cuidado. Com isso em mente, a campanha “Com Racismo Não Tem Folia”, promovida pelo Centro de Referência Nelson Mandela, ligado à Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais), esteve presente nos principais circuitos da folia para acolher denúncias de racismo e intolerância religiosa.

Foram quatro pontos de atendimento fixos: Campo Grande, Barra-Ondina, Av. Carlos Gomes e uma unidade móvel na Praça Municipal. Além disso, equipes volantes circularam pela cidade, garantindo suporte a quem precisasse.

A secretária da Sepromi, Ângela Guimarães, destacou a importância dessa ação “O Carnaval da Bahia é diverso, é uma celebração da nossa cultura. Mas, para que todos possam curtir com respeito e segurança, é fundamental que haja espaços de acolhimento e combate às discriminações.”

Na segunda-feira (3), o trio independente do Bloco Pipoca das Pretas fez história no circuito Osmar. Comandado pelas cantoras Ludmillah Anjos e Ayana Amorim, junto à banda percussiva Feminina Yaya Muxima, o bloco levou às ruas uma mensagem poderosa contra o racismo e a intolerância religiosa.

A secretária Ângela Guimarães celebrou a iniciativa “Ter um trio no circuito oficial, protagonizado por mulheres negras, fortalece essa luta. É sobre representatividade, sobre ocupar espaços e fazer a diferença.”

Entre batuques, tambores e clássicos da música preta brasileira, o desfile reafirmou a importância de um Carnaval onde a diversidade seja celebrada e respeitada.

No sábado (1º), a secretária acompanhou a saída do Bloco Ilê Aiyê e destacou o investimento do Governo do Estado no fortalecimento dos blocos afro por meio do programa Ouro Negro. Criado em 2008, ele apoia financeiramente agremiações de matriz africana, garantindo que essas expressões culturais permaneçam vivas e vibrantes.

“Os blocos afro são muito mais do que desfiles no Carnaval. Eles são resistência, são identidade, são história. Eles fazem o Carnaval da Bahia ser o que é: único no Brasil e no mundo.”

Apesar da queda no número oficial de denúncias durante o Carnaval, o racismo segue sendo uma realidade, e muitas situações ainda não são registradas. Para Ângela Guimarães, essa aparente redução reflete mais a conscientização da sociedade e a presença de campanhas como a “Com Racismo Não Tem Folia” do que uma real diminuição da discriminação.

“Como diz Vovô, do Ilê: o racismo não diminuiu, o que mudou foi a mobilização da sociedade. Hoje, temos mais canais de denúncia, mais campanhas e mais espaços para acolher quem sofre discriminação. Isso faz com que os racistas pensem duas vezes antes de agir.”

Mesmo assim, a secretária alerta, a subnotificação ainda é um problema, e é fundamental que as vítimas se sintam seguras para denunciar.

Para mais informações ou para registrar denúncias, basta ligar para (71) 3117-7448.

Comentários

Comentários

About Author /

Start typing and press Enter to search

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?