A ação policial realizada ontem nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, pode ultrapassar, em número de vítimas, o massacre do Carandiru, ocorrido em São Paulo, que deixou 111 presos mortos em 1992. Até o momento, os dados oficiais divulgados apontavam 64 mortos, entre eles quatro policiais. No entanto, durante a madrugada desta quarta-feira, moradores relataram a retirada de novos corpos de áreas de mata, onde teria ocorrido o confronto mais intenso entre policiais e civis. Com isso, a operação já se configura como uma das mais letais da história recente do Brasil.
Enquanto as informações ainda são atualizadas e autoridades se contradizem sobre os números e circunstâncias da operação, cresce também o conflito político entre o governo do estado do Rio e o governo federal acerca das responsabilidades sobre a escalada da violência. As imagens espalhadas pelas redes sociais e pela imprensa internacional expõem novamente a grave crise de segurança pública no país, manchando a imagem do Brasil no cenário global.
Como se repete historicamente, a maioria das vítimas é composta por pessoas negras, reflexo direto da ausência de políticas de educação, inclusão social e de um projeto nacional que enfrente de forma estrutural as desigualdades que alimentam a violência em nosso país.
O que se sabe até agora
- Participam da ação mais de 2.500 agentes, entre policiais civis e militares, com uso de blindados, drones e bloqueios de vias expressas para conter fugas.
- Foram apreendidos dezenas de fuzis, pistolas, granadas e outros explosivos, segundo balanço oficial.
- O governo estadual acusa que a facção Comando Vermelho (CV) utilizou drones e explosivos caseiros para atacar as forças de segurança.
- A ação ocorre em meio a divergências entre o governo do estado do Rio e o governo federal sobre responsabilidades, cooperação e autorização de recursos para atuação policial.






