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Como dizer “Não” sem comprometer as relações profissionais

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Edvaldo Vieira

Executivo C-Level, com vasta experiência na liderança de pessoas, áreas e unidades de negócios de empresas dos segmentos de saúde, seguro e mercado financeiro.

Uma das ferramentas mais subestimadas e, ao mesmo tempo, mais poderosas da liderança é a capacidade de dizer “não”. Dizer “não” é, muitas vezes, um ato de respeito por si mesmo, pela saúde mental e pelos limites que sustentam uma liderança saudável e produtiva. É também uma ferramenta de clareza: quando bem utilizada, define prioridades, reduz ruídos e protege o que há de mais valioso em um ambiente de trabalho: a confiança.

Mas dizer “não” não é simples. Vivemos em uma cultura corporativa que valoriza a disponibilidade constante, quase como um sinônimo de comprometimento. No entanto, a disponibilidade irrestrita cobra um preço alto: exaustão, frustração, perda de foco e, com o tempo, a erosão da autoridade e da presença do líder.

Mas nem sempre o “não” precisa ser direto ou seco. Existem formas elegantes de expressá-lo sem parecer inflexível ou indiferente. Frases como “Interessante, vou dar uma olhada” ou “Está tudo bem, obrigado por se importar comigo” podem ser utilizadas em situações de pressão, sinalizando presença, acolhimento e, ao mesmo tempo, um freio sutil à sobrecarga emocional.

Aprendi, ao longo dos anos, que a forma como dizemos “não” pode fazer toda a diferença. A chave está no como. Sempre que precisar recusar algo, procure ser transparente, mas gentil. 

Explicar os motivos com clareza, sem justificar demais e buscar manter o diálogo aberto é importante. Algo como: “Entendo a importância disso, mas neste momento estou focado em X. Podemos retomar esse ponto na próxima semana?” Essa abordagem evita desgastes desnecessários. 

Oferecer alternativas, indicar outro caminho ou direcionar a demanda para alguém mais adequado na equipe mostra que se importa, mesmo quando não é possível atender pessoalmente. 

Outro ponto essencial é a escuta ativa. Muitas vezes, a pessoa que nos procura com urgência precisa mais ser ouvida do que ter uma resposta imediata. Demonstrar presença já é, em si, uma forma de aliviar a pressão. E evito, tanto quanto possível, o “não” automático. 

Já vi boas oportunidades se perderem por reações precipitadas. Em vez disso, prefiro dizer “vou pensar sobre isso” e dar uma resposta mais ponderada depois. Por fim, gosto de lembrar que um “não agora” não precisa ser definitivo. Quando reforçamos nossa disponibilidade futura, transmitimos flexibilidade e mantemos pontes abertas, algo essencial em qualquer relação profissional.

Na gestão humanizada, o protagonismo profissional passa, necessariamente, pela autorresponsabilidade. Ser líder é sustentar limites com empatia. É acolher sem carregar. É ouvir sem absorver tudo.

Dizer “não” é uma arte. E como toda arte, exige prática, sensibilidade e consciência. Mas quando aprendemos a usá-lo com firmeza e generosidade, ele deixa de ser uma barreira e passa a ser uma ponte para relações mais saudáveis, produtivas e verdadeiras.

[Os textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Revista Raça].

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