Mais do que um evento sobre turismo, o 2º Workshop de Afroturismo SP, realizado nesta terça-feira (22) pela Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur-SP), foi um lembrete poderoso: a cultura negra é patrimônio vivo e tem papel essencial na construção de um Brasil mais justo, inclusivo e consciente de suas raízes.
A iniciativa reuniu representantes do setor para debater e fortalecer o afroturismo como ferramenta de desenvolvimento econômico e social. Além de painéis temáticos, o encontro anunciou uma linha de crédito com juros baixos para empreendedores negros, por meio do CrediturSP — passo importante para democratizar o acesso a oportunidades no mercado.
Mas para além das finanças, o workshop trouxe algo que não pode ser mensurado: reconhecimento. O afroturismo não é apenas sobre viagens, roteiros ou destinos. É sobre pessoas negras poderem contar suas próprias histórias, mostrar a riqueza de sua herança cultural e transformar isso em fonte de renda, dignidade e visibilidade.
“A inclusão e o reconhecimento étnico-cultural são fundamentais para desenvolver comunidades de forma sustentável e gerar novas oportunidades de trabalho”, destacou o secretário Roberto de Lucena. E quando se fala em cultura negra, fala-se também em resiliência, criatividade e potência.
Segundo o IBGE, 41% da população paulista é negra. Isso significa que grande parte das histórias que moldaram o estado tem raízes afro-brasileiras — histórias que, por muito tempo, foram silenciadas. Iniciativas como essa ajudam a resgatar e valorizar essas trajetórias, reconhecendo que não há futuro possível sem memória.
O workshop também reafirmou o compromisso com a construção do Plano Estadual de Afroturismo, uma política pública que pretende consolidar ações estruturantes para o setor. A ideia é formar profissionais, capacitar estabelecimentos e promover roteiros afro em todo o estado, garantindo que o turismo represente, de fato, a diversidade do povo paulista.
Trilhar os caminhos do afroturismo é abrir espaço para que pessoas negras sejam protagonistas — não só nos palcos e nas vitrines, mas nas tomadas de decisão, nas lideranças e nos sonhos. É fazer com que o turismo deixe de ser só uma indústria e passe a ser um instrumento de transformação.
O afroturismo é mais do que uma viagem. É um reencontro com a história. É a chance de olhar para o presente com mais justiça e projetar um futuro onde cada pessoa negra seja reconhecida, valorizada e celebrada — em sua cultura, em sua luta e em sua existência.