Concurso selecionará arquiteto negro para projeto na Pequena África

O concurso para escolher um arquiteto negro visando o projeto do Centro Cultural Rio-África na Pequena África do Rio de Janeiro marca um passo significativo na valorização da cultura afro-brasileira e afrodiaspórica. A iniciativa, organizada pela Prefeitura do Rio em colaboração com o Instituto dos Arquitetos do Brasil no estado do Rio de Janeiro, visa não apenas honrar a presença histórica e cultural negra na região, mas também promover a representatividade dentro da arquitetura, um campo tradicionalmente dominado por profissionais brancos.

Localizado em um terreno que anteriormente abrigava uma maternidade, próximo ao histórico Cais do Valongo, o centro cultural ocupará cerca de 2,8 mil metros quadrados. Esse espaço será dedicado à arte, cultura e história afro-brasileira, buscando explorar e interpretar as raízes e a herança da diáspora africana. Além de exposições sobre personagens históricos e o desenvolvimento urbano da zona portuária do Rio, o projeto também abraçará perspectivas afrofuturistas para o futuro da região.

O concurso está aberto a arquitetos negros de todo o Brasil e de países africanos membros do Cialp (Conselho Internacional de Arquitectos de Língua Portuguesa), como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Os participantes concorrerão não apenas pela chance de ver seu projeto executado, mas também por prêmios em dinheiro, sendo que o vencedor receberá R$ 60 mil e terá seu projeto implementado.

Marllon Sevilha, coordenador do concurso, destacou que a iniciativa visa promover inclusão e pertencimento, corrigindo históricas exclusões no campo da arquitetura. Segundo ele, a participação exclusiva de profissionais negros pode assegurar uma representação mais sensível e respeitosa das complexas dimensões arquitetônicas e histórico-sociais da cultura afro-brasileira.

A escolha do arquiteto ou arquiteta que desenvolverá o projeto vencedor será anunciada em 29 de outubro. O Centro Cultural Rio-África não será apenas mais um museu na região, mas uma plataforma dinâmica para a arte contemporânea negra e ferramenta essencial na luta contra a desigualdade racial, conforme enfatizado pelo prefeito Eduardo Paes.

O projeto, com um orçamento de R$ 3 milhões para a concepção arquitetônica e um investimento total de R$ 30 milhões na construção, é visto como uma oportunidade crucial para a cidade do Rio de Janeiro reconhecer e celebrar suas raízes africanas, reforçando a importância de compreender e corrigir as injustiças históricas que ainda afetam a sociedade brasileira.

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