Conflito por terras no Paraná deixa cinco indígenas feridos

Cinco indígenas da comunidade Avá-Guarani, incluindo duas crianças, foram baleados na noite de sexta-feira (3) durante um ataque na região de Tekoha Guasu Guavirá, no oeste do Paraná. De acordo com o cacique Ilson Soares, pistoleiros cercaram a aldeia e abriram fogo, deixando a comunidade ainda mais vulnerável em meio a um histórico conflito por terras.

As cenas são dolorosas, uma criança ferida na perna, um jovem atingido nas costas e outro com o maxilar gravemente machucado por um disparo de grosso calibre. Três deles foram encaminhados ao Hospital Bom Jesus, em Toledo, enquanto o mais ferido precisou ser transferido para Cascavel.

Esse ataque marca o quarto episódio de violência em apenas uma semana, intensificando o clima de medo e insegurança. Barracos incendiados, plantações destruídas e a constante falta de água potável têm feito parte do cotidiano das famílias Avá-Guarani, que denunciam o descaso das autoridades. “Eles tratam os tiros como ‘rojões’, minimizando a gravidade”, relatam lideranças.

Diante da pressão, o Ministério da Justiça aumentou em 50% o efetivo da Força Nacional na região. Enquanto isso, a Polícia Federal investiga os autores do ataque, com apoio da Polícia Militar do Paraná e da Funai, que atua para proteger e monitorar as comunidades afetadas.

O conflito na região tem raízes profundas, remontando à construção da Usina de Itaipu nos anos 1970. Muitas terras indígenas não foram alagadas, mas acabaram convertidas em lavouras. Para os Avá-Guarani, essas terras vão além do território físico, elas carregam a memória, a espiritualidade e o sustento de suas famílias.

A falta de demarcação e o avanço de interesses econômicos perpetuam a vulnerabilidade desses povos, que lutam há décadas por reconhecimento e proteção. Garantir o direito à terra é essencial para preservar suas culturas, assegurar condições dignas de vida e reparar injustiças históricas.

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