Revista Raça Brasil

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Conheça o clube Social Negro que nasceu em Brasília

Brasília, uma cidade tão cheia de cultura e diversidade, ainda carrega uma dívida histórica com a população negra – aquelas mãos que ajudaram a construir cada canto da capital, mas que foram empurradas para as periferias. Agora, um novo movimento quer mudar essa realidade: nasce o Clube Social Negro de Brasília, um espaço de acolhimento, fortalecimento e conexão para a comunidade negra.

A iniciativa surgiu de um grupo de 50 profissionais negros de diferentes áreas – professores, comunicadores, servidores públicos, artistas – unidos por um mesmo propósito, criar um lugar de pertencimento e resistência. O clube foi oficialmente constituído no dia 4 de dezembro e já conta com 68 associados e um coletivo de 123 pessoas negras.

Mas a luta não para por aí. Enquanto busca um espaço definitivo, o clube se reúne na Casa Comum, na Asa Norte. O objetivo para os próximos anos? Conquistar uma sede no Plano Piloto, trazendo de volta para o centro da cidade aqueles que sempre fizeram parte da sua história.

“Brasília foi construída por pessoas negras que, depois, foram afastadas para as periferias. Queremos ocupar o coração da cidade e fortalecer essa rede também nas regiões administrativas”, afirma Caína Castanha, vice-presidente do Clube.

O ano de 2025 já começou com um encontro especial: no dia 16 de fevereiro, membros do clube se reuniram para um piquenique no Eixão do Lazer, na Asa Norte. Foi o primeiro de muitos momentos que reforçam a importância do convívio e da troca entre os participantes. A expectativa é que, com uma sede própria, a programação cresça ainda mais – e o clube já busca apoio do Estado para tornar isso realidade.

Ontem, na Casa Comum, aconteceu o lançamento do livro “Clubes Negros & Protagonismo Social”, que resgata a trajetória desses espaços como pilares da resistência negra no Brasil. A obra, organizada pelos professores Giane da Silva Vargas, José Antônio dos Santos e Márcia Terra Ferreira, nasceu a partir de debates realizados no seminário de 150 anos da Sociedade Floresta Aurora – o clube negro mais antigo do Brasil ainda em atividade.

“Os clubes sociais negros sempre foram espaços de proteção, fortalecimento e celebração da nossa cultura. Queremos que essa história seja reconhecida e valorizada”, destaca Giane Vargas.

O livro reúne textos de autores de diferentes partes do Brasil e busca conectar passado e presente, mostrando a importância desses clubes para as novas gerações.

Onde encontrar o livro?

• Exemplares físicos podem ser encomendados pelo e-mail andressalfca@gmail.com

• A versão digital gratuita está disponível no site Nyota

A criação do Clube Social Negro de Brasília também tem um papel importante no cenário nacional. Durante o lançamento do livro, representantes de clubes históricos como o Aristocrata (São Paulo) e o Renascença Clube (Rio de Janeiro) estiveram presentes e aproveitaram a oportunidade para dialogar com o governo.

Com apoio do clube brasiliense, eles participaram de reuniões nos Ministérios da Cultura e da Igualdade Racial, levando pautas como: Reconhecimento dos clubes sociais negros como patrimônio cultural e Criação de políticas públicas para apoiar e fortalecer esses espaços

Os clubes sociais negros existem no Brasil há mais de um século. Alguns dos mais antigos surgiram antes mesmo da abolição da escravatura, como o Beneficente Cultural Floresta Aurora (1872, Porto Alegre) e o Clube dos Escravos (1881, Bragança Paulista). Agora, o Clube Social Negro de Brasília se junta a esse movimento histórico, tornando-se o primeiro do tipo no Centro-Oeste e reafirmando a força da resistência negra no país.

Porque ocupar, contar nossa história e fortalecer nossa cultura nunca foi apenas um ato de lazer, é um ato de resistência.

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