Revista Raça Brasil

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Corre Preto mostra que cuidar do corpo também é cuidar da alma e da história

Nem sempre correr foi sinônimo de liberdade para pessoas negras. Em muitos espaços, principalmente os mais privilegiados, ser uma pessoa negra correndo ainda desperta olhares atravessados, desconfiança e desconforto. Foi diante desse cenário que nasceu o Corre Preto — um coletivo que entende que a corrida pode (e deve) ser um espaço de afeto, pertencimento e cura.

Criado em 2018 por Danielle Santos e Bruno Ribeiro, o grupo surgiu da necessidade de ver pessoas negras se movimentando com autonomia e dignidade em lugares onde seus corpos costumam ser invisibilizados ou até questionados. Mas o que parecia apenas um grupo de corrida logo se revelou muito mais: o Corre Preto se tornou um movimento de resistência, saúde e reconstrução.

Aqui, não se trata apenas de performance, mas de acolhimento e identidade. As corridas são gratuitas e abertas, acompanhadas de conversas, cuidado coletivo e incentivo constante. O projeto entende que se movimentar também é um ato político, e que o autocuidado de pessoas negras é, muitas vezes, um grito silencioso de sobrevivência.

E o mais bonito: essa visão se estende às novas gerações com o projeto Corre Pretinho, que reúne crianças negras em vivências que unem brincadeira, movimento e orgulho da própria história. Porque aprender desde cedo que você pertence a todos os lugares — inclusive à orla, ao parque, à rua — é transformador.

A visibilidade que o Corre Preto tem conquistado é um lembrete necessário: pessoas negras não precisam pedir licença para existir. Elas merecem estar, ocupar, correr e respirar sem medo. O coletivo nos convida a repensar quem vemos nesses espaços e, mais ainda, a celebrar a potência de quem corre, não por fuga, mas por vida.

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