Criança paraense é vítima de racismo durante festival em Portugal; ‘ele puxou minha filha pelo braço’ denuncia mãe 

Menina de 8 anos estava brincando em uma área do festival quando foi acusada de roubo por um dos participantes do evento. Mãe registrou o caso na polícia.

Uma criança paraense, de 8 anos, foi vítima de racismo durante um festival de música em Portugal. A mãe da vítima expôs o caso nas redes sociais e disse que registrou o caso na polícia do país. O festival se posicionou afirmando que não tolera qualquer forma de discriminação. 

O caso ocorreu na sexta-feira (27) enquanto a menina brincava com outra criança, também negra, em um dos pátios do festival. Segundo Viviane Rodrigues, mãe da vítima, um dos participantes acusou a criança de roubar seu cartão de crédito, chegando, inclusive, a arrastá-la pelo braço.

“Olhei para o garçom e ele falou ‘tem um homem correndo atrás da sua filha’. A amiguinha dela de cinco anos falou ‘ele está dizendo que ela pegou uma coisa que ela não pegou’. Eu saí correndo gritando até que eu ouvi a voz dela chorando e chamando mamãe. Foi quando eu abri um dos galpões e um homem estava com ela. Ele puxou minha filha pelo braço e a arrastou lá pra dentro”, contou.

g1 Pará entrou em contato com o Itamaraty e aguarda um posicionamento sobre o caso.

O que ocorreu

A menina e a mãe são paraenses e moram em Portugal. As duas estavam acompanhando o pai que foi convidado a palestrar no evento. No festival, a criança estava na companhia de uma outra criança negra quando tudo aconteceu.

A mãe da vítima conta que por ser um local fechado e com pessoas conhecidas, nunca imaginou que a filha pudesse enfrentar esse tipo de situação. 

“Elas estavam correndo ali perto, afinal, elas conheciam todo mundo do evento, devia ter poucas pessoas por lá, que até então a gente achava muito controlado e seguro”, diz. 

Ao chegar próximo ao homem que acusava sua filha, Viviane conta que o confrontou e os dois começaram a brigar. Segundo ela, o homem chegou a dizer que chamaria a polícia.

Viviane afirma que ao entender que a situação se tratava de um caso de racismo, seria ela quem deveria chamar a polícia e não ele.

“Minha filha estava aos prantos, desesperada, dizendo: ‘mãe eu corri muito dele, ele vinha atrás de mim, eu me escondia. E quando eu não consegui mais me esconder ele me pegou pelos braços’. 

A polícia chegou a ser acionada, garante a mãe. Porém, Viviane disse que não houve prisão porque a polícia alegou que houve houve flagrante, o que ela contesta.

Denúncia registrada

Na delegacia, conhecida como esquadra em Portugal, os agentes abriram uma ocorrência e pediram para que a mãe da vítima retornasse depois de 48 horas para ver em qual crime eles iriam aplicar a denúncia. Segundo Viviane, até esta segunda-feira (2), ela ainda não obteve retorno.

A organização do Lisbon International Music Network (MIL) publicou uma nota citando que “um delegado (participante) internacional agarrou e interpelou com violência uma criança negra de oito anos, filha de outro delegado (participante), que brincava num espaço supostamente seguro. Alegou que a criança teria aberto e mexido na sua mala e evidenciou que essa sua convicção partia de preconceito racial”. 

Ainda nas redes sociais o evento se posicionou dizendo “o Festival não tolera qualquer forma de discriminação e que nenhuma criança pode ser interpelada por um adulto e tratada com violência. Sendo mais grave ainda quando existe motivação racial. Condenamos e repudiamos o ato a que essa criança foi lamentavelmente exposta”. 

A mãe pretende entrar com recursos nos órgãos brasileiros. “Minha filha passou por uma violência, como brasileira, nossa lei brasileira também poderia ajudar, mesmo estando fora do território”, afirma.

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