Na reta final da novela Vale Tudo, o personagem Luís (Guto Galvão) surge como o pai biológico de Sarita (Luara Telles), filha do casal de mães Cecília (Maeve Jinkings) e Laís (Lorena Lima). A revelação gerou críticas sobre a verossimilhança da trama, já que, na realidade, casos de adoção mantêm a identidade de familiares biológicos em sigilo, protegida por lei.
Nos últimos capítulos, Luís reivindica seus direitos com o auxílio de um advogado, surpreendendo Cecília e Laís. Apesar do choque inicial, o casal decide permitir que ele conheça a menina, em uma sequência que marca os desdobramentos finais da história.
O Coletivo Dupla Maternidade manifestou indignação em uma carta aberta à autora da novela. Segundo o grupo, a inclusão de um “pai biológico” em uma família formada por duas mulheres distorce uma oportunidade de representatividade e contribui para desinformação e preconceito. Eles pedem que a narrativa seja revista, com abordagem mais afetiva e construtiva.
Além do coletivo, parte do público e membros da comunidade LGBTQIAP+ também demonstraram decepção com o desenvolvimento da história de Cecília e Laís. Entre as críticas estão o enredo irregular, sumiços frequentes das personagens e a exploração de temas periféricos em detrimento da profundidade do casal.
Para muitos, a trama perde a chance de apresentar um modelo de família diversa com naturalidade, transformando personagens centrais em meros instrumentos narrativos de conflitos externos. A abordagem reforça debates sobre representatividade e responsabilidade social na televisão.
Apesar da polêmica, Vale Tudo continua repercutindo por trazer temas importantes de inclusão e diversidade, mostrando a relevância de discussões sobre família homoafetiva em novelas de grande audiência.