Formação voltada a professores e arte-educadores busca fortalecer a aplicação da Lei 10.639 com conteúdos afrorreferenciados e práticas críticas
Estão abertas, de 16 de junho a 22 de julho, as inscrições para uma formação gratuita voltada a professores da rede pública, estudantes de licenciatura e arte-educadores com interesse em práticas pedagógicas antirracistas. O curso será realizado presencialmente em Salvador, na Casa da Música (Parque do Abaeté, em Itapuã), a partir de agosto.
Com o título “Preenchendo currículos – O ensino de artes visuais e as culturas negadas”, a formação parte da crítica à ausência de conteúdos sobre a história e cultura negra nos materiais escolares e se propõe a reforçar a implementação da Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas.
O curso será conduzido por Romário Oliveira, artista-educador e pesquisador da Universidade Federal da Bahia. Ao longo de 15 encontros quinzenais, entre agosto de 2025 e março de 2026, os participantes terão acesso a aulas expositivas, oficinas e laboratórios criativos, com carga horária total de 40 horas.
Serão selecionadas 30 pessoas, com prioridade para participantes de grupos socialmente vulnerabilizados — como mulheres, pessoas LGBTQIAPN+, negras, indígenas e periféricas. As inscrições podem ser feitas neste link ou pelo Instagram: @akoben.aprenda.
Saberes ancestrais como ferramenta de ensino
O curso propõe uma alfabetização visual crítica e afrorreferenciada, valorizando os saberes e as estéticas produzidas por povos negros e indígenas. Os módulos incluem temas como o Movimento Negro Educador, feminismos negros na arte, sustentabilidade, acessibilidade e diversidade sexual e de gênero nas práticas escolares.
“O projeto nasce da falta de formações continuadas e materiais didáticos sobre essas temáticas. É uma resposta concreta às ausências que dificultam a aplicação da Lei 10.639 nas escolas”, afirma Romário Oliveira.
O nome da iniciativa faz referência ao símbolo adinkra akoben, que significa “corneta de guerra” entre os povos Akan, do atual Gana — evocando a resistência e a ancestralidade como forças para a transformação social por meio da educação.
A iniciativa integra a Política Nacional Aldir Blanc Bahia e conta com apoio do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, e do Ministério da Cultura – Governo Federal.