O nome de Kanye West — ou Ye, como ele prefere ser chamado agora — voltou a ser sinônimo de polêmica. O rapper, que já foi celebrado como um dos maiores nomes da música mundial, pode enfrentar uma situação inédita no Brasil: ser preso em pleno show, caso decida cantar uma de suas músicas mais controversas.
A apresentação está marcada para o dia 29 de novembro, em São Paulo, mas o local ainda é um mistério. Depois que a Prefeitura cancelou o uso do Autódromo de Interlagos, os produtores seguem tentando encontrar outro espaço. E, enquanto isso, o Ministério Público (MP) acompanha tudo de perto.
O motivo? A música “Heil Hitler”, lançada em maio. A faixa — cujo nome já diz muito — contém referências diretas ao líder nazista. Diante disso, o MP paulista notificou a Polícia de Choque para agir caso o rapper toque ou promova a música durante o evento. Se isso acontecer, Ye poderá ser preso em flagrante por apologia ao nazismo.
O alerta veio da promotora Ana Beatriz Pereira de Souza Frontini, que determinou oficialmente que Kanye está proibido de cantar, divulgar ou vestir qualquer símbolo relacionado ao nazismo — seja no show, em aparições públicas ou nas redes sociais. Os produtores do evento, Guilherme Cavalcante e Jean Fabrício Ramos (Fabulous Fabz), também poderão responder por omissão caso descumpram a ordem.
Prefeitura diz não ao discurso de ódio
O veto da Prefeitura de São Paulo foi claro. O prefeito Ricardo Nunes afirmou que nenhum espaço público da cidade será usado por artistas que façam apologia ao nazismo:
“Em equipamento público da prefeitura, ninguém que faça apologia ao nazismo vai tocar ou cantar nem uma palavra. Nós não aceitamos e vamos fazer tudo o que for necessário para impedir isso.”
Antes, os organizadores alegavam que o cancelamento de Interlagos era apenas por “motivos logísticos” devido ao GP de Fórmula 1. Mas a declaração do prefeito reforçou que a decisão é também uma posição ética e política.
Produtores tentam seguir com o evento
Mesmo com toda a repercussão, os produtores afirmam que o show ainda está de pé. Segundo Guilherme Flamínio, a equipe está negociando novos espaços privados para receber o evento. Ele também garantiu que, caso o show seja cancelado, todos os ingressos serão reembolsados.
O produtor negou que se trate de golpe e ressaltou que a empresa responsável já trabalhou em grandes eventos, com apoio de investidores.
Enquanto isso, Kanye — conhecido tanto por seu talento quanto por suas declarações polêmicas — parece seguir no fio entre o gênio criativo e o homem que desafia limites. Mas no Brasil, esse desafio pode custar caro.
Se cantar “Heil Hitler”, o rapper pode transformar o palco em caso de polícia. E, mais uma vez, a pergunta volta a ecoar: até onde a arte pode ir — e onde ela precisa parar?







