Defensoria defende retirada de homenagens a racistas em espaços públicos

A Defensoria Pública da União (DPU) deu um passo importante na luta por reparação histórica ao propor a retirada de nomes de figuras associadas ao racismo, escravismo e eugenia de espaços públicos no Brasil. A iniciativa, apresentada em uma nota técnica elaborada pelo Grupo de Trabalho de Políticas Etnorraciais, busca reconhecer os impactos do passado escravocrata e combater as desigualdades estruturais que ainda persistem.

A proposta ganhou força em meio a uma ação popular que questiona a homenagem ao psiquiatra Raimundo Nina Rodrigues, em São Luís (MA). As ideias dele, amplamente criticadas, reforçaram a marginalização de negros e indígenas. “Não é a pessoa que está sendo julgada, mas quem a homenageou e continua homenageando, o Estado”, aponta o documento da DPU.

Para a pedagoga e integrante do Movimento Negro Unificado (MNU), Iêda Leal de Souza, a proposta da Defensoria representa um resgate de memória e uma nova forma de olhar para o passado. “Não se trata de apagar ou esquecer, mas de colocar essas figuras no lugar certo. Precisamos contar a história de maneira crítica, mostrando quem são esses falsos heróis”, explica.

O documento também destaca que o Estado brasileiro tem a obrigação de enfrentar o racismo de forma ativa, promovendo justiça e reconhecendo as repercussões da escravidão na sociedade atual. A remoção de homenagens seria uma forma simbólica e prática de demonstrar que o país não compactua mais com essas violências históricas.

“Entender o impacto de 400 anos de escravidão e o que veio depois é fundamental. Essa reparação não é apenas sobre o passado, mas sobre construir um futuro mais justo para todos”, conclui Iêda.

Com essa proposta, a DPU reforça a importância de reavaliar nossa história, valorizando quem sempre lutou por justiça e igualdade, enquanto questiona as homenagens que perpetuam opressões.

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