Depois de filmar PMs que o abordaram, advogado negro é detido em Curitiba

Renato Almeida Freitas Júnior afirmou que policiais o chamaram de “lixo” e disseram que queriam vê-lo “debaixo da terra”

O advogado e ex-candidato a vereador, Renato Almeida Freitas Júnior, foi detido na tarde deste domingo (30), depois de ter feito uma transmissão ao vivo pelo Facebook, interpelando policiais militares que, instantes antes, haviam o abordado. No vídeo, o rapaz e um amigo dizem que, durante a revista, foram chamados de “lixo” e que os policiais disseram que queriam vê-los “debaixo da terra”. Nas eleições do ano passado, Freitas Júnior foi preso por desacato e, na ocasião, denunciou que sofreu agressões e injúrias raciais.

O caso ocorreu por volta das 16h30, no bairro Alto da Glória. Na transmissão, o advogado aparece acompanhado de um rapaz e diz que ia visitar um cliente, quando foi abordado por homens da Polícia Militar (PM). Em seguida, Freitas Júnior se aproxima dos policiais e os interpela.

“Eu ‘tô fazendo uma filmagem, porque os senhores acabaram de me abordar e eu queria saber por que os senhores têm nojo da gente? Por que a gente é lixo? E por que vocês querem ver a gente debaixo da terra?”, pergunta.

Um dos policiais responde que ele foi abordado por estar em “atitude suspeita” e que a abordagem foi rotineira. “O negócio é o seguinte: você já foi preso por desobediência uma vez e vai ser preso de novo”, disse o PM. “Você ‘tá enfrentando a polícia por quê?”, completa.

Na sequência, Freitas Júnior e o amigo começam a andar rapidamente, em direção oposta aos policiais. O advogado questiona, porque havia muitos torcedores se dirigindo ao Estádio Couto Pereira, mas que somente ele e o amigo foram “enquadrados”. “Cês conseguiram entender o que é o racismo e a opressão?”, disse o rapaz que acompanha Freitas Júnior.

Em seguida, policiais chegam a bordo de motocicletas e ele interrompe a transmissão. Freitas Júnior e o amigo foram detidos e encaminhados à Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe), no Couto Pereira. Segundo o delegado Clóvis Galvão, ambos foram presos por desacato e foram liberado após terem assinado a um termo circunstanciado.

Por volta das 18h30, Freitas Júnior fez uma postagem no Facebook, em que diz que está bem e que agradece os amigos pela “preocupação”. “Sozinho eu vejo que não tô, obrigado, de verdade”, escreveu. O advogado também disse que fará uma nova transmissão, explicando o que se passou.

Fonte: Gazeta do Povo

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