Desafios na identificação racial de pardos no Brasil

A mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada em novembro de 2024, trouxe à tona um dado que reflete a complexidade das relações raciais no Brasil, 60% das pessoas que se autodeclaram pardas não se consideram negras. Já entre os pretos, 96% se identificam como negros, enquanto apenas 4% não.

O levantamento, realizado entre os dias 5 e 7 de novembro de 2024, ouviu 2.004 pessoas em 113 cidades do país e revelou que 65% dos brasileiros acreditam que a categoria “negra” engloba pretos e pardos. Mesmo assim, a forma como cada grupo enxerga a própria identidade varia bastante.

Esse debate não é apenas uma questão de nomenclatura, mas de vivência. Entre os pardos, 17% afirmaram já ter sofrido discriminação racial, enquanto entre os pretos o número salta para 56%. Essas experiências deixam marcas profundas, seja na autoestima, seja na forma como essas pessoas se posicionam na sociedade.

A história do Brasil mostra que o termo “pardo” sempre carregou ambiguidades. No passado, ele chegou a incluir indígenas, o que reforça a confusão sobre seu significado. Mesmo hoje, muitos pardos preferem não se identificar como negros, talvez como reflexo de um racismo estrutural que ainda valoriza a aproximação com a branquitude.

Enquanto a autopercepção varia, o racismo continua sendo uma realidade para a maioria. Uma outra pesquisa do Datafolha revelou que 59% dos brasileiros acreditam que a maior parte da população é racista. Essa percepção é compartilhada por 55% dos brancos, 60% dos pardos e 64% dos pretos.

Esses números mostram que, independentemente de como as pessoas se identificam, o racismo impacta diretamente suas vidas. Desde a dificuldade em acessar oportunidades no mercado de trabalho até abordagens violentas nas ruas, as consequências são muitas e graves.

Esses dados nos convidam a refletir sobre como a negação ou aceitação da identidade negra pode influenciar a luta contra o racismo. Reconhecer-se como parte de uma coletividade que enfrenta desafios similares pode ser um passo importante para fortalecer essa batalha.

Além disso, é um chamado para que a sociedade brasileira repense suas estruturas e avance em direção a um futuro onde cor de pele não determine direitos ou oportunidades. Afinal, a mudança começa com o reconhecimento e a valorização de todas as identidades.

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