Apesar dos avanços no mercado de trabalho, a desigualdade salarial entre negros e brancos segue alarmante no Brasil.
Um estudo do Centro de Estudos sobre Desigualdades Raciais (CEDRA), com base em dados da PNAD Contínua, mostra que, em 2023, a hora trabalhada por uma pessoa branca chegou a valer até 58,3% a mais do que a de um trabalhador negro. Mesmo com o crescimento da renda ao longo dos anos, a diferença entre os salários de negros e brancos reduziu apenas 1,2 ponto percentual em uma década.
A pesquisa também destaca como essa disparidade se reflete nas oportunidades de ascensão profissional. Apesar de representarem 56,5% da população, os negros ocuparam apenas 31,8% dos cargos de gerência entre 2012 e 2023. Quando se cruza os dados com a questão de gênero, a desigualdade se agrava: homens brancos conquistaram mais que o dobro das vagas gerenciais em relação aos homens negros, enquanto mulheres negras, historicamente em desvantagem no mercado, representaram apenas 11,8% dos cargos de liderança.
Outro dado preocupante é o impacto da desigualdade racial na expectativa de vida. Embora a população negra seja maioria no Brasil, essa proporção diminui significativamente entre os idosos. Apenas 46,9% dos brasileiros com mais de 60 anos são negros, e entre os homens, o número é ainda menor: apenas 21,2% dos idosos são negros. Isso reflete não apenas as condições de trabalho mais precárias enfrentadas por essa população, mas também o acesso desigual à saúde e à qualidade de vida.
Além disso, o estudo evidencia como a desigualdade salarial impacta a vida doméstica das famílias negras, especialmente das mulheres. Entre 2016 e 2022, quase metade dos lares chefiados por negros não possuía máquina de lavar roupas, enquanto nos lares brancos esse percentual era de apenas 21,1%. Isso revela uma sobrecarga de trabalho doméstico que recai, principalmente, sobre as mulheres negras, que além de enfrentarem barreiras no mercado de trabalho, ainda lidam com uma tripla jornada.
Os dados apresentados pelo CEDRA reforçam a necessidade de políticas públicas que promovam equidade no mercado de trabalho, garantindo condições justas de acesso e permanência para a população negra. A desigualdade racial no Brasil não é apenas um reflexo do passado, mas uma realidade persistente que impacta a vida de milhões de pessoas.
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