Dia das Crianças: Como comemorar a data sem incentivar o consumismo

Imagem: google imagens

O Dia das Crianças é uma das datas mais esperadas pelas famílias brasileiras. Com a proximidade da data, cresce a quantidade de publicidade voltada para o público infantil e os apelos de consumo aumentam. Vitrines coloridas, lançamentos de novos brinquedos e campanhas publicitárias ocupam as mídias, atraindo a atenção dos pequenos e, muitas vezes, colocando os pais em situações delicadas. Mas será que a data realmente precisa estar vinculada à compra de presentes?

Uma pesquisa feita pelo jornal O Globo em 2022 apontou como o consumo afeta os lares brasileiros. Embora o levantamento seja de dois anos atrás, ele ainda reflete um pouco do cenário atual: crianças sendo expostas a apelos publicitários, que podem impactar o comportamento e o desejo de consumo desde cedo.

Em função disso, o programa “Criança e Consumo“, criado pelo Instituto Alana em 2006, propõe alternativas e ações que visam combater a exploração comercial infantil. O movimento visa criar um diálogo entre famílias, educadores, formuladores de políticas públicas e empresas, com o objetivo de promover infâncias livres do consumismo e da publicidade direcionada.

O programa incentiva as empresas a repensarem suas práticas diante do cenário de publicidade infantil, e provoca a sociedade a refletir sobre o impacto da publicidade infantil, principalmente em datas comemorativas como o Dia das Crianças. Afinal, o consumo excessivo não afeta apenas o desenvolvimento das crianças, mas também é responsável por graves sequelas ambientais.

Segundo o levantamento de dados feito pelo O Globo, 90% dos brinquedos disponíveis no mercado são feitos de plástico, material que contribui significativamente para a poluição ambiental. No Brasil, mais de 41% do plástico produzido é descartado de forma inadequada, agravando a quantidade de lixo mal descartado.

O consumismo infantil, muitas vezes causado por fatores como a publicidade invasiva ou pelas redes sociais, que de alguma forma, também são responsáveis por incentivar o consumo, não se limita apenas ao brinquedo em si, mas inclui também embalagens e sacolas que logo se tornam descartáveis, gerando mais resíduos poluentes.

Diante desse cenário, é necessário pensar em práticas mais conscientes para comemorar o Dia das Crianças, dando prioridade à diversão e à conexão familiar, sem a necessidade do consumo. Baseado nas práticas do programa “Criança e Consumo”, sugerimos algumas alternativas:

Evite brinquedos de plástico: Muitos pais podem optar por dar presentes, e a maioria dos brinquedos atualmente são feitos de plásticos que agridem o meio ambiente, portanto, dê preferência a aqueles que sejam sustentáveis e livres de plástico. É uma maneira de contribuir para a diminuição do impacto ambiental, e de incentivar as crianças ao consumo consciente. Brinquedos de madeira são uma excelente escolha!

Brinque ao ar livre: Atividades ao ar livre, como andar de bicicleta, empinar pipa, jogar bola ou queimada, além de saudáveis e divertidas, fortalecem os laços, criam memórias afetivas e não envolvem o consumo de produtos.

Presença é o melhor presente: A rotina entre pais e filhos podem ser conflitantes e impedir que passem mais tempo juntos e o que as crianças mais desejam é tempo de qualidade com seus familiares. Aposte em atividades simples como fazer um piquenique, cozinhar juntos ou inventar brincadeiras novas que irão criar memórias que ficarão com os pequenos para sempre!

Mas acima de tudo, atenção com a publicidade infantil. É comum que, especialmente nesta época, as marcas invistam em influenciadores digitais, especialmente em redes sociais, que crianças tenham fácil acesso como youtube, instagram ou tiktok, com alternativas de camuflar publicidade nos famosos vídeos de “unboxing”. Fique atento aos conteúdos que as crianças consomem.

A prática de direcionar publicidade para crianças é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor e pela Resolução 163 do Conanda. A atividade contribui para a criação de uma cultura consumista desde cedo. Isso afeta não só o comportamento das crianças, como também o equilíbrio ambiental, devido ao aumento na produção e no descarte de produtos.

Preservar as crianças do apelo consumista é um assunto recente, que muitos ainda não estão acostumados, mas diante do cenário atual, em combate a crise climática, é necessário refletir sobre nossas práticas de consumo e alternativas para reduzir o impacto ambiental. Buscar ser consciente ao presentear uma criança, pode influenciar na construção do indivíduo que queremos que os pequenos sejam. Lembre-se que para comemorar uma data tão significativa, o mais importante são os momentos que vivem juntos.

Por Madu Sanffer – @madusanffer

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