Hoje, 7 de abril, celebramos o Dia do Jornalista. Como toda data que carrega história, luta e memória, não consigo deixar de pensar em quem veio antes — e abriu caminhos para que hoje eu possa ocupar esse espaço com orgulho, consciência e responsabilidade.
Ser jornalista é contar histórias. Mas ser um jornalista negro no Brasil é também lutar todos os dias para que a nossa própria história seja contada. É resistir ao silêncio, ao apagamento, às estatísticas. É saber que cada linha escrita, cada entrevista realizada, cada matéria publicada é também um ato político.
Por isso, neste dia especial, quero homenagear três nomes que pavimentaram esse caminho com coragem, talento e firmeza.
Glória Maria – Ícone da televisão brasileira, Glória foi a primeira repórter negra a ganhar projeção nacional na TV, sendo a primeira mulher negra a apresentar o Jornal Nacional. Enfrentou o racismo institucional com elegância, firmeza e uma presença que inspirou gerações. Viajou o mundo, entrevistou grandes nomes e, mais do que tudo, abriu portas. Portas que, antes dela, simplesmente não existiam. O que seria de nós sem Glória Maria?
Na última quinta-feira, 3 de abril, nos despedimos de Wanda Chase, pioneira na TV Globo Bahia. Wanda foi uma gigante. Sua trajetória abriu caminhos para jornalistas negros na televisão, em especial na Bahia, e seu legado continuará vivo em cada um de nós que acredita em um jornalismo mais justo, mais diverso e mais representativo.
E, é claro, não poderia deixar de homenagear o maior jornalista de todos: meu pai, Maurício Pestana. Mais do que um nome na mídia, ele é minha inspiração diária. Um profissional que usou o jornalismo como ferramenta de combate ao racismo, de valorização da nossa identidade e de criação de espaços para que outras vozes negras também pudessem ecoar. Crescer ao lado dele foi entender, desde cedo, o poder que uma caneta tem — e o compromisso que ela carrega.
Hoje, mais do que celebrar a profissão, eu celebro a ancestralidade. Celebro a coragem de quem veio antes. E agradeço por estar aqui, continuando essa história — com o compromisso de abrir novas portas, assim como abriram para mim.