Revista Raça Brasil

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No Dia Internacional do Jazz, sons e vozes negras do Brasil

Bola Sete, Elza Soares, Amaro Freitas e Baden Powell mostram como o jazz também pulsa em ritmos brasileiros

 

 

Celebrado em 30 de abril, o Dia Internacional do Jazz é uma data criada pela Unesco para reconhecer o papel do jazz na promoção da paz, da diversidade e do diálogo intercultural. Mas, para além das figuras consagradas do jazz norte-americano, o Brasil também tem nomes que ampliaram os horizontes do gênero, misturando tradição afro-brasileira, samba, improviso e resistência.

Um dos nomes fundamentais dessa fusão é Bola Sete (1923–1987), violonista carioca que conquistou espaço nos Estados Unidos e fez história ao unir jazz com bossa nova e música afro-brasileira. Tocando ao lado de ícones como Vince Guaraldi e Dizzy Gillespie, ele levou o violão brasileiro a palcos internacionais, mantendo uma identidade sonora profundamente enraizada em sua negritude e origem popular.

Outra voz inconfundível é a de Elza Soares, que transitou com maestria entre o samba, a música popular e o jazz. Com sua voz rouca e potente, Elza reinventou a própria carreira inúmeras vezes e deixou registros inesquecíveis ao interpretar clássicos com levadas jazzísticas, sobretudo em seus trabalhos mais experimentais nas décadas de 1970 e 2000. Sua trajetória é um símbolo de reinvenção e de resistência artística e social.

Entre os talentos contemporâneos, o pianista Amaro Freitas, nascido em Recife, representa uma das principais forças do jazz atual. Com influências que vão do frevo ao maracatu, ele tem criado uma sonoridade única, reverenciada mundialmente. Em seus discos, como Sankofa (2021), Amaro transforma referências ancestrais negras em improvisos sofisticados e profundamente políticos.

 

O compositor e violonista Baden Powell também precisa ser lembrado nesta data. Parceiro frequente de Vinicius de Moraes, Baden trouxe o candomblé, os toques afro-brasileiros e o samba de raiz para dentro do universo harmônico e improvisado do jazz. Obras como Os Afro-Sambas (1966) são referências obrigatórias para quem deseja entender a espiritualidade e o ritmo africano na música brasileira.

O Dia Internacional do Jazz é, portanto, também um momento para reconhecer como o Brasil negro ressignificou o gênero, expandindo suas fronteiras e reafirmando sua origem na diáspora africana. Seja nos tambores do terreiro, no piano de um festival europeu ou na voz que ecoa resistência, o jazz brasileiro é negro — e continua a se reinventar.

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