Diversidade é compromisso
Empresas devem mensurar como suas políticas de diversidade impactam na rotina de profissionais negros, LGBTQIA+, mulheres e pessoas com deficiência para além dos discursos.
Já questionou os espaços que ocupa e seu acesso a privilégios? Se hoje temos campanhas com alcance para reclamar que grupos minoritários aos quais pertencem pessoas negras, LGBTQIAt e mulheres, devem ocupar mais espaços no mercado de trabalho, com melhores colocações e ganhos iguais aos de homens brancos, é porque a conta ainda não fechou e a diversidade, apesar de muito conhecida, continua desprestigiada nos espaços de poder e estrutura.
De acordo com o estudo “Kantar Inclusion Index”, realizado em 2019, o Brasil ficou em sétimo lugar no índice global de inclusão e diversidade, o país também está entre os identificados com maior nível de intimidação no local de trabalho, junto com México e Singapura. Foram entrevistados mais de 18 mil funcionários em 14 países, que colaboraram com informações sobre suas percepções a respeito de políticas de diversidade e inclusão nas empresas em que trabalham.
Esses dados são uma importante referência para gestores de empresas e líderes de Recursos Humanos e mostram a importância de ir além da criação de ambientes diversos, mas de oferecer um ambiente seguro, compartilhando informações que ajudam a combater efetivamente qualquer tipo de preconceito nas organizações.
Políticas de diversidade devem ser colocadas em prática com respeito às individualidades do colaborador, entendendo que elas têm um papel fundamental para reduzir desigualdades e são positivas para a imagem das organizações, melhoram a produtividade e a imagem das empresas.
Apesar das discussões sobre diversidade serem mais intensas nas redes sociais, a pesquisa Diversidade e Inclusão, realizada pelo Instituto Qualibest com 4 mil pessoas mostra que os consumidores estão de olho no trabalho que as marcas realizam acerca do tema da diversidade. Para quase um terço deles, é importante que as marcas adotem pronomes neutros como “todes” ou “todxs” em suas campanhas publicitárias e em outros canais de comunicação com o público.
“Tão interessante quanto os números a que chegamos é notar que são os grupos que mais dizem sofrer com discriminações, como mulheres, pessoas não binárias ou não heterossexuais, pretos e jovens da Geração Z, que se mostram simpáticos aos pronomes neutros”, explica Daniela Malouf, diretora-geral do QualiBest.
Onde o trabalho das mulheres tem mais alcance e visibilidade, homens ganham vantagens.
Quando falamos em marketing de influência, o número de mulheres criando conteúdo nas redes sociais é muito superior ao de homens, segundo a pesquisa “Machismo, sexismo e equidade no mercado de influência”; juntas as mulheres formam 78,4% dos criadores, além disso, 40,2% das influenciadoras são mães. E mesmo com um trabalho intenso e um alto número de mulheres trabalhando em plataformas digitais, são os homens que recebem, em média, 20,8% a mais por conteúdos patrocinados.
Se a diferença entre gêneros choca, imagine as dificuldades pelas quais criadores negros passam para conseguir fechar contratos de publicidade. Com menos seguidores nas plataformas, precisam provar que o mais importante é manter um público fiel e engajado.
Mesmo com tantas discussões sobre diversidade e inclusão, ainda nos deparamos com situações em que mulheres são menos remuneradas e até desvalorizadas como profissionais quando se tornam mães, pessoas negras perdem oportunidades porque suas competências são colocadas em dúvida e grupos LGBTQIA+ ainda vivem com medo de sofrer retaliações ao revelar a sexualidade no ambiente de trabalho.
Diversidade significa abrir oportunidades. Se a sua empresa deseja ser inclusiva, ela precisa estar preparada para o que isso significa, realizando mudanças estruturais, seja no espaço físico para receber profissionais com deficiência ou dificuldade de mobilidade ou através de ações educativas que façam do ambiente corporativo um lugar de escuta e de compartilhamento de ideias.
A diversidade é um benefício para as empresas e deve ser assumida como um compromisso indispensável.