‘E a vida do meu primo, custa quanto?’, questiona primo de vendedor de balas morto por PM de folga
Vendedor de balas morto por PM de folga tinha o sonho de realizar a festa de dois anos da filha
Hiago Macedo, de 22 anos, estava vendendo balas no terminal de barcas de Niterói (RJ), na tarde da última segunda-feira (14), quando foi baleado por um policial militar de folga. Testemunhas afirmam que o rapaz vendia seus produtos quando uma discussão entre ele e o policial à paisana começaram uma discussão.
Durante a discussão, o policial sacou uma arma e fez um disparo contra Hiago, que não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que o policial avistou uma tentativa de roubo próximo do local em que ele estava e reagiu. Testemunhas que estavam no local na ora do crime negam a versão de assalto.
Um enteado de Hiago, um adolescente de 14 anos, disse que o jovem estava vendendo balas e que não tentou roubar ninguém.
A família de Hiago conta que o sonho do rapaz era pagar a festa de dois anos da filha, que deveria acontecer daqui quatro dias. “Ia ser um festão, o menino estava convidando todo mundo. E eu te digo agora: será que essa festa vai acontecer? Será que daqui a quatro dias a filha vai poder falar: mãe, cadê o meu pai e vai abraçar? Não!”, disse em entrevista Jonathan César, primo de Hiago Macedo.
“Quer dizer a verdade do que aconteceu? Puxa nas câmeras: o menino foi abordar uma pessoa para vender bala. E no momento em que ele foi abordar uma pessoa, o rapaz chamou ele de ladrão e disse que os meninos da bala vão abordar as pessoas pra poder roubar o celular que está dentro do bolso”, afirma Jonathan.
“O policial ao lado se ofendeu e foi discutir com meu primo. O meu primo é sujeito homem, debateu com ele de boca pra boca, ele meteu a mão na arma e deu um tiro só. E aí, a bala dele custa ‘uma é três’ e ‘dois é cinco’. E a vida do meu primo custa quanto?”, completou Jonathan
O policial foi preso e deve responder pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar, qualificado por motivo fútil.