Economia e liderança: qual a relação?
Por: Prof. Dr. Eduardo Alves De Oliveira
Muito é dito a respeito de liderança, mas pouco é dito a respeito da relação que existe entre liderança e economia. Embora pareça algo simples, é mais complicado do que imaginamos.
Ao pensarmos em liderança, algumas vezes nos vem à mente a ideia de uma estrutura hierarquizada, militarizada ou simplesmente uma liderança popular de nosso bairro ou cidade. Uma coisa é certa, liderança tem muita relação com nossas emoções: medo ou segurança.
Há líderes que atuam gerando medo e com base em recompensas imediatas, criam um ambiente de desconfiança. Afinal, o medo guarda relação com o desconhecido, com a possibilidade de algo negativo acontecer. Isso nos deixa desconfiados, inseguros.
Há líderes que atuam gerando segurança e, com base em recompensas de longo prazo, criam um ambiente de confiança e orientam com um propósito. Esse contexto permite um entrosamento melhor entre os membros do grupo, fazendo com que todos fiquem mais à vontade para expor suas ideias, seus anseios e suas perspectivas.
A liderança tem essa capacidade
Conforme comprovação científica, a ausência de medo faz com que as pessoas performam melhor em tarefas cognitivas que exigem raciocínio analítico, por exemplo.
Liderar não é uma tarefa trivial, sob o ponto de vista corporativo, e exige a necessidade de uma atitude para a calibração. Muitas vezes o desafio atribuído a um membro da equipe não pode ser aquém de sua capacidade, para que não exista tédio; e nem pode ser muito
além da capacidade, para que não gere estresse. Isso exige conhecimento, atenção aos detalhes e trabalho. Todos têm qualidades que podem ser úteis agora ou amanhã.
E qual é a relação disso com a economia?
A liderança que não tem por base o medo, gera segurança. Essa segurança ensina um sentimento de confiança. E a confiança, por sua vez, melhora a comunicação entre as pessoas, resolve tensões de maneira mais natural e permite que todos evoluam. A confiança reduz custos de transação. A autenticação de uma assinatura nos Estados Unidos é gratuita, no Brasil isso tem um preço.
Quando existe segurança de que as instituições vão atuar de acordo com as expectativas, esse ambiente de confiança é fomentado.
Pergunta: como as instituições fariam isso? Judiciário atuando de maneira tempestiva, com decisões coerentes e sólidas, por exemplo. Legislativo propondo regras percebidas como justas. Ou, até mesmo o Executivo propondo um programa sério e consistente de
vacinação.
Liderança pode sim criar um ambiente de cooperação e que reflita em menores custos de transação, taxas de juros mais baixas e em contratos cumpridos adequadamente. Esse desejo é antigo. Afinal, já clamava o cantor: “Brasil, qual é o teu negócio? O nome do teu sócio. Confia em mim”.