Por muito tempo, disseram a nós, mulheres negras, o que poderíamos vestir, como deveríamos falar e até o que era ou não “adequado” usar nos lábios. O vermelho, cor do fogo, da paixão, do poder, foi muitas vezes interditado a nós. Diziam que o vermelho nas nossas bocas era exagerado, vulgar como se quiséssemos chamar uma atenção indevida. Mas o que incomodava, na verdade, não era o vermelho. Era o brilho da autoconfiança que essa cor acende em quem aprendeu, à força, a ser invisível.
Hoje, esse discurso perde o sentido. O vermelho é, novamente, símbolo de poder e o protagonismo negro tem sido o grande responsável por ressignificar essa narrativa. A convite da Avon, fui conhecer um pouco mais sobre este lançamento e mais do que isso sobre a ideia e criação da linha Power Stay que traz essa discussão à tona com o lançamento de novos tons de vermelho e que reafirma a beleza como expressão de força, identidade e pertencimento.
Mais do que um produto, o batom vermelho é um manifesto. Ele é o grito de quem foi silenciada, o sorriso aberto de quem aprendeu a se amar diante do espelho, o símbolo de quem entende que ocupar espaço também é uma forma de resistência. Quando uma mulher negra passa um batom vermelho, ela está dizendo ao mundo: minha boca fala, canta, denuncia, beija e anuncia a revolução que eu sou. E nada melhor do que fazer isso em terras Baianas. O que simplesmente deu um toque a mais de pertencimento e aconchego.
A marca carrega uma trajetória histórica de democratização da beleza e de combate ao racismo, ouvindo as vozes de quem, por muito tempo, foi deixada de fora das campanhas e das prateleiras. Seus produtos refletem essa pluralidade: alta performance, longa duração e uma paleta diversa de tons pensada para cada pele, cada história, cada tom de mulher.
Resgatar o vermelho nas bocas negras é reescrever uma história. É devolver a cor ao seu lugar de poder, e não de culpa. É sobre transformar o que já foi usado como estigma em símbolo de orgulho. O vermelho é ancestralidade, é axé, é o sangue de Dandara, é a energia de cada mulher que se recusa a ser reduzida a estereótipos.
Por isso, ei, preta: bota um batom vermelho nessa boca. Bota com vontade, com riso, com raiva se for preciso. Mostra que o vermelho que corre nas veias também pulsa nos lábios. Que essa cor é força, é arte, é liberdade. Que ser vista não é ousadia — é direito.
O batom vermelho é mais do que maquiagem. É um lembrete de que poder e beleza não se pedem: se tomam. E que, quando a mulher negra pinta a boca de vermelho, o mundo precisa parar para ouvir o que ela tem a dizer.







