Ela resistiu ao colonialismo português e mostrou o poder da mulher negra

Por Isadora Santos

Celebramos em janeiro os 359 anos da Rainha Nzinga. Uma figura histórica que lutou contra o colonialismo português em Angola, liderando um projeto de resistência militar contra os colonizadores e também se mostrando uma exímia negociadora, Nzinga fez alianças com o rei do Congo e com os holandeses para defender seu povo das ameaças portuguesas. 

Nzinga a Mbande (1581 – 1663), rainha do Ndongo e do Matamba, marcou a história de Angola do século XVII. Os projectos mercantis europeus, em particular de desenvolvimento do tráfico de escravos na costa da África austral, alteram a paisagem política, social e cultural do reino do Ndongo e de toda a região.

Foi neste contexto que Nzinga a Mbande cresceu e se impõs como um notável exemplo de governo feminino. Em 1617, Ngola Mbande Kiluanji, rei do Ndongo, morre. O seu filho, Ngola Mbande, torna-se o novo rei. Porém, não tem o carisma do seu pai, nem a inteligência da sua irmã Njinga a Mbande. Em 1622, influenciado pelos portugueses, envia Njinga a Mbande como embaixadora a Luanda para negociar a paz com Dom João Correia De Sousa, vice-rei de Portugal.

Njinga revela-se então como uma negociadora e uma diplomata fora do comum. Em 1624, Ngola Mbande morre. Njinga toma posse e se torna rainha. Impõe-se desde logo como uma soberana excepcional. A sua tática de guerra e de espionagem, as suas qualidades como diplomata, a sua capacidade para tecer múltiplas e estratégicas alianças, e, por fim o seu conhecimento das implicações comerciais e religiosas, permitir-lhe-ão opor resistência tenaz aos projetos coloniais portugueses até à sua morte, em 1663.

Curiosidades:

Centenas de soldados do exército de Nzinga foram enviados para o Brasil como escravizados, tendo influenciado, com suas táticas, as lutas e a resistência contra a escravidão no Brasil, especificamente em Palmares.

Por razões ortográficas ligadas à transcrição da língua kimbundu, mas também porque a própria rainha assinava as correspondências com diferentes nomes, vários nomes são atribuídos a Nzinga, entre eles: Nzinga a Mbande, Nzinga Mbande, Jinga, Singa, Zhinga, Ginga, Dona Ana de Sousa (este último em razão do batismo católico, em 1623).

Influenciou importantes figuras de resistência durante as lutas pela libertação de Angola (1961- 1975) e se tornou ícone da independência. Nzinga está também presente na tradição da Congada. No rito, a coroação do rei do Kongo e da rainha Nzinga simboliza o sincretismo religioso no Brasil.

Em março de 2014, o filme Njinga, a Rainha de Angola, foi lançado no Brasil.

Fontes:

UNESCO. Mulheres na História da África. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000230931/PDF/230931por.pdf.multi

Fundação Palmares. Disponível em: https://www.palmares.gov.br/?p=53160

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