Eleições 2024, o Brasil dobrou a direita.  

O eleitorado brasileiro mandou um recado duro e preocupante para os partidos de esquerda no Brasil. Dobrou à direita. Deixando claro que esta opção não é algo ocasional como muitos imaginavam após a vitória de Lula em 2022.  

Do mesmo modo, mandou um outro recado, do tipo, papo reto, para o movimento negro brasileiro. Somos contra o racismo, defendemos a promoção da igualdade racial, mas preferimos os políticos da direita.

Os números não me deixam mentir: Segundo o Datafolha, dos 5.569 municípios brasileiros, mais de 4.000 serão comandados, a partir de 2025, por prefeitos eleitos por partidos da direita e extrema direita. Algo em torno de 88%, contra apenas 12% da esquerda.

Já no caso dos/as prefeitos/as negro/as (pretos e pardos): dos 1.841 eleitos/as, que representam 33,6% dos executivos/as municipais brasileiros, 84% são do centro e da direita e apenas 17% da esquerda.

O caso da cidade de Salvador é emblemático neste sentido. Apesar de ser a cidade com a maior população negra do Brasil e ter um movimento negro forte, a representação negra na Câmara de Vereadores sofreu um baque. Houve uma redução de 30 para 22 vereadores/as negros/as.  

Para completar, a direita ganhou as eleições para a Prefeitura Salvador, reelegendo Bruno Reis (branco), com mais de 78% dos votos. A maior derrota de todos os tempos da esquerda na cidade.

Ou seja, a pauta conservadora defendida pelos representantes dos partidos de centro e direita no Brasil (com todas suas nuances) tem tido ampla aceitação da população brasileira. Assim como, é cristalina a crise porque passa a esquerda que está descendendo a ladeira sem lenço e sem documento.

Os analistas políticos têm apontado inúmeras razões para esse descenso da esquerda no Brasil, que vai desde o descolamento das suas propostas da realidade objetiva da sociedade, passando pelo anacronismo no modo de fazer política partidária, até a adoção de uma agenda política excessivamente identitária.

O fato concreto é que os partidos conservadores (direta e extrema direita), bem como suas pautas de costumes e valores, onde a intolerância religiosa, a violência social  e o extremismo político, são ofertados como a salvação da lavoura, tem ganhado corações e mentes do povo brasileiro. 

Portanto, o cenário que emerge das urnas em 2024, indicam que as eleições de 2026, podem oferecer surpresas nada agradáveis para os setores democráticos no Brasil, em particular para a esquerda brasileira, visto que é sabido que as eleições municipais são a antessala das eleições para o Congresso Nacional.

Como estamos falando de política, claro que esse cenário pode mudar e surpreender, mas para tanto, a esquerda brasileira precisará se renovar e apresentar não apenas novas propostas que atendam as expectativas da sociedade brasileira, como também alterar a sua prática no modo de fazer política no Brasil.

Toca a zabumba que a terra é nossa!

Zulu Araujo

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