Elite da educação no país entra na luta antirracista

A crescente demanda de pais por políticas antirracistas está levando as escolas de elite paulistanas a reformular seus currículos e aumentar o número de estudantes e professores negros

Escolas particulares de elite, em São Paulo, estão passando por reformulações no currículo, incluindo autores e pesquisadores não brancos nas aulas de história, disponibilizando mais bolsas de estudos para alunos negros e indígenas, além de aumentar a disponibilidade de vagas para professores negros. Segundo reportagem divulgada pelo Uol, a demanda de muitos pais está fazendo com que as instituições adotem práticas antirracistas.

A reportagem ouviu diretores e funcionários de escolas como Santa Cruz, Vera Cruz, Oswald de Andrade, Equipe, Gracinha, Escola da Vila e outras instituições de ensino que afirmaram ainda existir tabu e dificuldades em lidar com situações de racismo.

Após o assassinato de George Floyd, ocorrido nos Estados Unidos em 2020, grupos de pais no WhatsApp passaram a discutir questões de inclusão e equidade racial nas escolas privadas. Alguns deles formaram a Liga das Interescolas por Equidade Racial, criada com objetivo de intermediar o diálogo entre colégios e especialistas.

As escolas buscaram a ajuda de assessorias para revisar os materiais e a abordagem dos professores, orientando sobre a importância dos cuidados na relação entre negros e brancos dentro da escola. Roberta di Ricco Loria, advogada, diretora do Projeto Travessias, criado pelos pais, e mãe de três filhos matriculados na Escola Vera Cruz, afirmou em entrevista: “O racismo é complexo. Se não houver sensibilização de toda a comunidade escolar, não funciona”.

A Escola Vera Cruz concedeu, em 2020, 18 bolsas a alunos negros ou indígenas que estão cursando o último ano da educação infantil. A associação de pais e a escola dividem a mensalidade e já arrecadaram R$ 4 milhões para custear mensalidade, materiais, transporte e passeios.

Vale lembrar que no Brasil, existe a Lei 10.639 de 2003 que institui a obrigatoriedade de ensino da cultura e história afro-brasileira nas escolas públicas e privadas do país. A lei de 2003 foi modificada pela assinatura da Lei 11.645/2008, que trata da obrigatoriedade da História e cultura africana, afro-brasileira e indígena em todo o currículo escolar.

A partir daí, uma série de formações e materiais são disponibilizados para que as escolas e os professores estejam preparados a oferecer o ensino sobre as relações étnico-raciais do país, inclusive, dando notoriedade para personalidades negras e indígenas que marcaram a história.

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