Embranquecimento das mulheres pretas e ocultação de seus traços através da maquiagem
Provavelmente você já ouviu falar em blackface, que é nada menos que maquiar pessoas brancas para que se pareçam com pessoas pretas, mas você sabia que a tendência oposta que consiste em maquiar mulheres pretas com intuito de deixá-las mais claras e ocultar seus traços naturais também existe? Esse tipo de maquiagem estruturalmente racista consiste em apagar a identidade de mulheres pretas e chamar isso de “tendência”.
O IBGE diz que 56% da população brasileira se identifica como negra, e isso nos faz questionar um fato importante: se 56% da população brasileira é preta, porque as referências, tendências e produtos de maquiagem são em sua maioria sobre um padrão de beleza e cores que não incluem essas pessoas? Uma pesquisa realizada pela marca de cosméticos Avon, em parceria com a consultoria Grimpa, mostrou que mais de 70% das mulheres pretas no país estão insatisfeitas com as opções de produtos específicos para elas disponíveis no mercado. Ligado a isso, encontramos tons de bases que acinzentam a pele negra por conter muito pigmento branco e poucas marcas que se preocupam em produzir tons específicos para peles retintas, e ainda temos os batons nude, que são pensados e fabricados para peles claras.
Dentre outros fatores, podemos observar a produção de filtro solar com uma cartela de cores tão exclusiva que torna o uso inviável para muitas.
Nos aprofundando um pouco no tema de técnicas de maquiagem racistas e excludentes, podemos citar as técnicas de contorno e iluminação que mudam os traços com objetivo de afinar o nariz. Temos também a tendência de ”iluminar” tornando a pele mais clara do que realmente é. Essas técnicas aplicadas por maquiadores profissionais porém irresponsáveis apagam a beleza e identidade dessas mulheres, gerando danos à autoestima que podem perdurar.
Neste editorial criamos alguns apontamentos a uma tendência excludente, apresentando dois exemplos de maquiagem: uma que oculta os traços originais e outra que realça a beleza natural da modelo e enaltece suas origens. Também abrimos espaço aqui para citar profissionais que estão atuando para reverter o processo de violência contra a autoestima das mulheres pretas através da maquiagem. Assim surgiu o movimento das “Maquiatrizes”, maquiadoras que trabalham com propósito de desconstruir padrões de beleza estruturalmente racistas, promovendo a valorização da beleza preta por meio da maquiagem.
Maquiadoras para seguir nas redes sociais e valorizar o trabalho que fazem pelas mulheres pretas no país:
Welida Silva @welidaq;
Daniele Damata @damatamakeup (criadora da primeira escola de maquiagem para peles pretas do país);
Carol Romero @makeupcarolrom;
Camila Anac @camila_anac.