Empreendedora do Rio inova com destinos inéditos e turismo afrocentrado

Premiada pelo Shell Iniciativa Jovem, criadora da Sou + Carioca protagoniza campanha de marca

A ideia de um empreendedor pode mudar uma vida, a comunidade e o mercado, como mostra a administradora Gabriela Palma. Atuando no setor de turismo, ela é sócia-fundadora da Sou + Carioca. Criado há cinco anos, o negócio tem como foco o turismo fora do circuito tradicional, oferecendo passeios guiados a redutos históricos da comunidade afro-brasileira, locais ainda pouco explorados na cidade do Rio de Janeiro. Em pouco tempo, o carioca se tornou o público-alvo da agência, revelando que a capital fluminense pode surpreender os próprios moradores com tesouros escondidos.

“Vimos que havia uma lacuna no mercado. Ninguém estava olhando para o morador do Rio como potencial consumidor de pontos turísticos locais. Como começamos já apostando em roteiros diferentes dos óbvios, muitos cariocas ficaram curiosos e vieram. Percebemos ainda que, ao trabalhar esse público, estaríamos menos sujeitos aos efeitos da sazonalidade”, explica Gabriela.

A Sou + Carioca se especializou na categoria walking tour, com mais de 150 roteiros que levam os participantes para destinos pouco prováveis, como os bairros cariocas Marechal Hermes e Madureira, ambos na Zona Norte, Bangu, na Zona Oeste, e regiões da Baixada Fluminense.

Um destino de destaque é a chamada Pequena África, na região central do Rio, que envolve pontos do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana, como é o caso do Cais do Valongo, entreposto que recebia africanos escravizados no século XIX.

Criada em Tomás Coelho, na Zona Norte do Rio, Gabriela lembra que só conheceu as histórias da herança africana aos 30 anos, quando fez o curso de guia de turismo. Ela diz, inclusive, que só a partir dali se reconheceu como uma mulher negra. “Como eu, uma mulher preta, nunca tinha ouvido essas histórias na escola? Foi aí que comecei a entender algumas coisas relacionadas a mim, à minha negritude. Esse roteiro foi muito marcante na minha vida. E entendi que poderia ser importante para outras pessoas também.”

Gabriela enxerga um nicho potente no turismo afrocentrado. Além de contar a História do país, os roteiros têm a missão de educar, abordando temas como racismo estrutural, desigualdade social, criação de favelas e subúrbios.

“Desde 2017, temos visto crescimento e surgimento de empresas lideradas por pessoas pretas, voltadas às nossas questões. Os circuitos são para todos, mas é importante que nós pretos contemos histórias que outros antes contavam por nós”, defende a empreendedora. Na Sou + Carioca, esses roteiros são sempre coordenados por guias negros.

Gabriela ressalta que o mercado afro precisa de mais capital, incentivo e oportunidade. A sua empresa só conseguiu se formalizar porque foi uma das vencedoras do Shell Iniciativa Jovem, de incentivo ao empreendedorismo. Há mais de 20 anos, o programa da Shell Brasil oferece capacitação gratuita, avalia e premia negócios sustentáveis e de impacto social.

A intenção de apoiar empreendimentos que costuram redes de prosperidade, com foco em questões sociais, ambientais e econômicas, faz parte da estratégia de negócios da empresa.

“A inovação pode vir de qualquer lugar, queremos fomentar isso no mercado. Apoiar pessoas com perspectivas diferentes amplia o olhar da Shell para as diversas necessidades do público, proporcionando uma vantagem competitiva”, pontua Leíse Duarte, assessora de Investimentos Sociais da Shell Brasil.

Gabriela é uma das protagonistas da última fase da campanha Energia que Vem da Gente, que foi lançada no último domingo e joga luz sobre pessoas por trás dos negócios e iniciativas sociais da Shell Brasil. Sua trajetória é celebrada pela B Power, a rede de afinidade pela equidade racial da companhia.

“Gabriela é alguém que botou a mulher preta em outro patamar ao empreender. Ela entendeu que poderia ir longe, deixando de ver a negritude como lugar de trauma, passando a vê-la como potência. É inspirador para muitas meninas e mulheres que ainda não se reconhecem. Elas podem ver, assim, que o lugar delas é onde quiserem. Representatividade é tudo”, conclui Denise Santos, executiva da Shell Brasil e presidente da B Power.

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