Revista Raça Brasil

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Empreendedores negros crescem e movimentam bilhões no Brasil

A força do empreendedorismo negro segue ganhando destaque no Brasil. Segundo um estudo recente do Sebrae, o setor já movimenta cerca de R$ 2 trilhões por ano — e as projeções indicam que esse número deve crescer ainda mais nos próximos anos.

O levantamento, feito com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), aponta que entre 2013 e 2023, o número de empreendedores negros no país aumentou 22%. O percentual é superior ao registrado entre empreendedores brancos, cujo crescimento foi de 18% no mesmo período.

Esse avanço está ligado a fatores como o fortalecimento de redes de apoio, o acesso mais amplo ao crédito, políticas públicas e a valorização da cultura negra como diferencial competitivo nos negócios.

Para a empreendedora Cynthia Paixão, fundadora da loja colaborativa Afrolab, que reúne mais de 100 empreendedores negros, empreender tem sido um caminho real de transformação.
“Consideramos o empreendedorismo uma forma de empoderar as comunidades negras, trazendo independência econômica e ascensão social. 2024 foi um ano positivo — vimos muita gente buscando esse caminho como forma de alcançar autonomia”, destaca.

Crescimento consistente e mais representatividade

Em 2013, o país contava com 12,8 milhões de empreendedores negros. Já em 2023, esse número saltou para 15,6 milhões — um crescimento de 2,8 milhões de pessoas. No mesmo período, o total de empreendedores brancos passou de 11,7 milhões para 13,8 milhões.

A diferença entre os dois grupos, que era de 1,1 milhão há uma década, chegou a 1,8 milhão em 2023. Isso significa que, proporcionalmente, a presença de pessoas negras no universo empreendedor também subiu: passou de 15,3% para 15,9%.

Mais educação, mais formalização

Outro dado que chama atenção é o aumento do nível de escolaridade entre empreendedores negros. Atualmente, 42,8% têm o ensino médio completo e 13,5% já concluíram o ensino superior. No caso das mulheres negras, os índices são ainda maiores: 47,2% com ensino médio completo e 18,5% com ensino superior.

Esse avanço na educação tem contribuído diretamente para a formalização dos negócios. Em 2023, o percentual de empreendedores negros que contribuem com a Previdência atingiu 28,7% — um recorde e uma diferença de 10,7 pontos percentuais em relação a 2012.

Apesar disso, ainda existe uma lacuna em comparação com os empreendedores brancos, principalmente no que diz respeito ao registro formal dos negócios: a proporção de empreendedores com CNPJ é 18,6 pontos percentuais maior entre os brancos.

Onde estão e como atuam

A maioria dos empreendedores negros está concentrada nas regiões Sudeste (37,7%) e Nordeste (32,7%). O setor de serviços lidera como principal área de atuação, reunindo 41,4% dos profissionais.

Do total, 89,8% atuam por conta própria e 10,2% são empregadores. A pesquisa também destaca o conceito de afroempreendedorismo como eixo central de análise: são pessoas que estão à frente de um negócio como principal atividade — seja com ou sem CNPJ, sozinhas ou com sócios.

O estudo mostra, mais uma vez, que investir no empreendedorismo negro não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia econômica inteligente para o desenvolvimento do país.

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