Ensino de cultura afro nas escolas avança, mas ainda enfrenta desafios

A Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas, completa 22 anos. Apesar dos avanços, como a valorização da estética negra e o aumento do interesse por produções intelectuais negras, ainda há muito o que melhorar.

Rose Meire Silva, liderança da comunidade quilombola Rio dos Macacos, em Simões Filho (BA), sente na pele as dificuldades. “As crianças da nossa comunidade andam quilômetros para estudar e, quando chegam, nem sempre encontram um ambiente que valorize nossas histórias e nossos heróis. Isso machuca”, desabafa.

Para a professora e pesquisadora Gina Vieira, a aplicação da lei é um passo importante, mas precisa ser reforçada. “Não é questão de favor ou caridade, é sobre garantir direitos e construir uma educação mais diversa e justa”, explica.

Embora haja razões para comemorar, como iniciativas que promovem a inclusão nos currículos escolares, a falta de fiscalização e a resistência em algumas instituições ainda são desafios. De acordo com uma pesquisa do Instituto Alana, 7 em cada 10 secretarias municipais de Educação realizam poucas ou nenhuma ação para implementar a lei.

A expectativa é que políticas como a recém-lançada Política Nacional de Equidade ajudem a mudar esse cenário. “A escola tem um papel fundamental na formação do indivíduo. Não dá para falar de Brasil sem tocar na cultura afro-brasileira”, reforça o professor Cláudio Valente.

A luta continua, e o objetivo é claro, uma educação que represente a verdadeira diversidade do país e promova orgulho das raízes negras.

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