Revista Raça Brasil

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Entre grafite e poesia, jovens do Rio começam a pintar novos futuros

“Eu sei que sou brabo desenhando. Vou trabalhar com o Pedro um dia. Nós vamos desenhar um prédio grandão.”

É impossível não sorrir ao ouvir João Pedro Moreira, 19 anos, morador do Complexo da Penha, falando do seu futuro. No último sábado (28), ele e muitos outros jovens encheram a Arena Dicró de vida e cor, dando início às atividades do Pronasci Juventude 2025.

O programa, do Governo Federal, quer provar que segurança pública também se faz com cuidado, cultura e afeto. Por isso, vai às comunidades não só para falar de regras ou policiamento, mas para oferecer oficinas de grafite, slam, dança e, sobretudo, escuta.

Pedro Menezes, conhecido como PDR Grafite, sabe bem o poder disso. Ele cresceu no Morro da Fé e foi lá, entre becos e paredes, que descobriu no grafite um jeito de falar com o mundo. Agora, é ele quem ensina. “Estar na mesma comunidade onde aprendi, passando isso adiante, é mágico”, diz. “O grafite é ferramenta de comunicação, de mostrar outras perspectivas de vida pra esses jovens.”

O Pronasci Juventude quer alcançar justamente quem, muitas vezes, fica invisível até para os projetos sociais. “Às vezes, o jovem não tem documento, não tem escolaridade, não tem rede de apoio. Mas entra no projeto mesmo assim. Porque o que queremos é dar chance pra que eles descubram quem são e o que podem ser”, explica Alan Brum, coordenador do programa no Alemão.

São 1.500 vagas em comunidades como Alemão, Penha, Maré e Manguinhos, não apenas para oficinas artísticas, mas também para apoio psicológico, jurídico e ajuda para traçar um plano de vida.

Para Tiago da Silva, de 18 anos, e seu irmão Felipe, de 16, moradores do Alemão, tudo isso é novidade boa. “É uma oportunidade bacana, né?”, diz Tiago. Felipe completa rápido: “Nunca tivemos isso. A gente sonha pra melhorar a vida da nossa coroa.”

É por histórias como essas que o Pronasci Juventude existe. Para que o Brasil deixe de ser o país onde jovens negros morrem só por serem favelados — e passe a ser o lugar onde eles vivem, criam arte, sonham alto e pintam seus próprios futuros.

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