Em uma das falas mais esperadas e marcantes do VTEX Day 2025, a atriz Viola Davis emocionou o público ao abrir sua alma e compartilhar com franqueza sua trajetória de dor, autoconhecimento e cura. A atrizque é uma das poucas artistas com o EGOT (vencedora de Emmy, Grammy, Oscar e Tony Awards)arrancou lágrimas e aplausos calorosos ao contar como superou uma infância marcada pela pobreza e pelo abuso, e como só aos 28 anos começou a se curar por meio da terapia.
“Ser uma criança que sobreviveu ao abuso e à pobreza é carregar feridas invisíveis. A terapia não foi só para resolver problemas da carreira, foi para aprender a me amar, destravar coisas dentro de mim”, disse. Ela destacou como a autopercepção distorcida a acompanhou por anos: “Você sabe que é linda, mas tem uma voz dentro dizendo que você não é.”
Viola falou com honestidade sobre o desejo de ser melhor do que sua mãe, a quem ama profundamente. “Eu não queria ser ela. Eu queria quebrar esse ciclo. Essa jornada foi assustadora.” Para ela, o valor de uma pessoa não está nos erros ou acertos, mas em simplesmente existir. “A definição de coragem é contar a história da sua vida com o coração aberto. Se eu cometer um erro épico, eu ainda tenho valor.”
Ao ser perguntada sobre o que nunca mudou em sua essência e o que gostaria de ter mudado em sua trajetoria, ela respondeu: “O que eu gostaria de mudar é o fato de ter passado tanto tempo tentando me adaptar. Como mulher negra com nariz e boca grandes, me diziam que eu precisava me encaixar. Eu tentei ser magra, me fazer ouvir. Mas isso é sobre se sentir sem valor. Chega uma hora em que precisei dizer: ‘Viola, apenas diga e faça o que você quiser. Seja você.’”
Davis também refletiu sobre a importância de lidar com os próprios erros e fracassos. “Não dá para contar quantos erros épicos cometi, quantas atuações péssimas eu tive. Mas acredito na pequena morte interna — como a fênix, que morre para renascer. É ali que a gente cresce.” Para ela, tudo o que sempre quis esteve do outro lado do medo. “É o que digo para todo mundo: pule do penhasco. Mergulhe. Vai doer, mas é aí que está a transformação.”
Ao falar sobre felicidade e coragem, ela desconstruiu a ideia da felicidade como destino. “Não entendo mais a felicidade como objetivo. O que eu desejo agora é estar presente, em paz, me sentir viva. Paixão é ilusiva. Curiosidade é mais importante. Questionar: ‘Por que estou com dor no estômago quando estou com essa pessoa, e se eu fizer, e se eu arriscar?’ Isso é o que constrói uma grande vida.”
Uma das partes mais comoventes de sua fala foi quando falou sobre ser mãe. “A maior lição que posso dar à minha filha é não colocar nela o fardo que eu carreguei. Crianças nascem perfeitas. É o mundo que tenta moldá-las. Meu dever é me curar para não repassar minha dor.”
A Atriz ainda fez uma linda declaração ao marido, o ator Julius Tennon, ela foi direta: “Discutimos, claro. Mas ele sempre se senta comigo, conversa, olha nos meus olhos. Ele me ama. Não dá para fazer tudo sozinha. Eu sei que ele me ama.”
Questionada sobre quem é a protagonista da sua história, ela fez questão de lembrar a importância dos que a apoiaram ao longo do caminho — professores, conselheiros, terapeutas, sua mãe —, mas reconheceu a figura mais essencial: “A pessoa mais importante sou eu mesma. Eu me segurei.”
Ao falar sobre o futuro, Viola mostrou sua paixão por seguir se reinventando: “Acabamos de filmar ‘G20’ e vem aí um suspense. Mas mais do que objetivos, quero responder aos chamados da vida. E se eu decidir viver um caso de amor comigo mesma?”.
No final, ao ser convidada a se definir com uma palavra, ela foi enfática: “Corajosa.”
Aplaudida de pé, Viola Davis entregou muito mais que um depoimento — ofereceu uma aula de humanidade. Uma mulher que se recusa a ser moldada, que decide pertencer a si mesma e que, com quase 60 anos, caminha com leveza, coragem e verdade.