Deputada foi identificada como homem no visto americano e expõe episódio como violência institucional contra pessoas trans; governo Trump é apontado como responsável por retrocessos em direitos LGBTQIA+
Expondo seu próprio caso, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou um episódio de transfobia institucional por parte do governo dos Estados Unidos. A parlamentar brasileira foi identificada como homem no visto emitido para entrar no país, desrespeitando sua identidade de gênero reconhecida oficialmente em seus documentos. A viagem teve como destino Nova York, onde ela participa da 4ª Sessão do Fórum Permanente de Afrodescendentes da ONU, que acontece nesta semana.
Erika, uma das primeiras mulheres trans eleitas ao Congresso Nacional, está usando sua influência e visibilidade para denunciar a violação sistemática e institucional de direitos das pessoas trans, classificando o caso como uma afronta aos direitos humanos. A deputada anunciou que levará o ocorrido às autoridades internacionais e cobrar providências e reparação.
O caso foi relacionado por Erika às políticas adotadas durante o governo de Donald Trump, que implementou diversas medidas contrárias à população LGBTQIA+. As diretrizes deixam um legado de exclusão que continua influenciando políticas públicas e práticas administrativas, como a emissão de vistos.
No Brasil, a realidade das pessoas trans também é marcada pela violência. De acordo com o Dossiê ANTRA 2024, o país permanece como o que mais mata pessoas trans no mundo, com 135 assassinatos registrados em 2023. A maioria das vítimas são mulheres trans e travestis negras, jovens e em situação de vulnerabilidade. Esses dados escancaram a urgência de medidas que garantam proteção, dignidade e reconhecimento às identidades trans, tanto no Brasil quanto internacionalmente.