Escola de Capoeira é demolida pela Prefeitura de São Paulo

Uma manifestação aconteceu no local, no último domingo (17/02). Ataques às escolas, capoeiristas e outros espaços de cultura e negra estão cada vez mais recorrentes


As redes sociais foram invadidas, na semana passada, por imagens da demolição de uma das escolas de capoeira mais tradicionais da cidade de São Paulo, a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul. 

A escola com mais de 40 anos de atividade e localizada na região sul de São Paulo foi demolida no dia 13/02 por agentes da Prefeitura, segundo divulgado pela agência de notícias IgnáAgência. A agência ainda informou que o Mestre Meinha, responsável pelo espaço, soube da destruição por funcionários do parque onde a escola atuava e que quando chegou, a estrutura já tinha sido derrubada. 

“Eu nunca vi uma demolição tão rápida. Foi cerca de 40 minutos. Só consegui tirar algumas coisas”, disse Mestre Meinha para um canal de TV. 

Capoeiristas, artistas e outros ativistas fizeram uma manifestação no último domingo (16/02) para demonstrar o descontentamento com a demolição.

A Prefeitura, em comunicado à imprensa, disse que o espaço é ocupado desde a década de 1980 e que o processo de demolição aconteceu dentro dos trâmites legais. 

No ano passado (2024), na contramão dos ataques, foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo, um projeto de lei que reconhece o “caráter educacional e formativo da capoeira em suas manifestações culturais e esportivas e permite a celebração de parcerias para o seu ensino nos estabelecimentos de educação que especifica no Estado de São Paulo”.

A capoeira foi reconhecida como  Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 

História de violência contra Capoeira

Essa não é a primeira vez que espaços preservação da cultura negra são atacados. Até a década de 1930 a prática da capoeira era considerada crime no Brasil e os praticantes poderiam pegar pena de até seis meses de prisão. Para os mestres ou líderes de grupos de capoeira, a pena poderia ser dobrada. 

Um dos casos recentes e mais emblemáticos foi o assassinato do Mestre Môa do Katendê (1954-2018). Um dos mais importantes capoeiristas do Brasil, foi assassinado com facadas. A investigação policial concluiu que a motivação do crime foi política. O autor do crime, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, foi condenado a 22 anos de prisão.

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