Escola orienta aluno a ir fantasiado de ‘favelado do Rio de Janeiro’
Colégio Cenecista Pedro Antônio Fayal pediu desculpas pelo ocorrido e explicou que objetivo era mostrar a desigualdade social por meio da dramatização de uma música
Elaine Mafra compartilhou em seu Facebook um recado enviado pelos professores de seu filho. Nele, era pedido que o menino fosse fantasiado de ‘favelado do Rio de Janeiro’ para uma apresentação, na qual os alunos dramatizariam uma música. O caso ocorreu em Itajaí, em Santa Catarina.
“O meu filho já havia decidido que não iria participar da apresentação, então eu nem sabia dessa tal fantasia. Só hoje descobri que a fantasia é de FAVELADO DO RIO DE JANEIRO”, relatou na rede social. “Outra metade dos alunos tem que ir vestido de médico, advogado, entre outras profissões, já que vão representar a outra parte da cidade.”
A mãe lamentou o preconceito “ensinado dentro da escola”. “São preconceitos como esse que geram os estereótipos, que por sua vez causam a discriminação e arruínam a vida de tantas pessoas”, opinou.
Elaine ainda disse que os professores explicaram que o aluno deveria ir de bermuna, óculos escuros e boné. Leia o post na íntegra:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1505719612842109&set=a.241713322576084.58735.100002122542747&type=3
Fabiana Ladi Bento de Almeida, diretora do Colégio Cenecista Pedro Antônio Fayal, classificou o comunicado como “um grande equívoco, um erro de posicionamento”. Ela explicou que a intenção era que, após um trimestre estudando as desigualdades sociais, os alunos fizessem uma dramatização da música Afogados, dos Paralamas do Sucesso.
Para a diretora, as palavras ‘avulsas’ fizeram com que ficassem sem contexto.
Leia o comunicado oficial da escola:
“Viemos através desta transcrever nossos mais sinceros pedidos de desculpas, pois ainda que possamos ter explicações , reconhecemos a inadequação de uma frase descontextualizada. Ouvimos cada um de vocês, e explicamos o contexto da ação. Jamais teríamos a intenção de criar estereótipos. Nosso espírito educacional é sempre na intenção de realizar ações que possam somar com a comunidade. É de prática cotidiana o acolhimento e humanização a nossos alunos, famílias e funcionários. Houve um sério equívoco no bilhete enviado às famílias dos quartos anos e que separado do contexto a que pertencia tornou-se inaceitável. Esclarecemos que a atividade proposta foi na verdade baseada na canção Alagados, do conjunto Paralamas do Sucesso, onde é citada a Favela da Maré, uma das maiores do Rio de Janeiro, onde vivem hoje 130 mil pessoas, em comunidades que se estendem entre a avenida Brasil e a Linha Vermelha – duas das mais importantes vias de acesso à cidade. Não viemos criar muros e sim trabalhar e expor estes movimentos de cidadania e inclusão.
Não aceitamos racismo, xenofobia, homofobia ou qualquer intolerância de classes. Nossos 55 anos de história atestam esta postura. Convidamos a todos para acompanharem o nosso trabalho que sempre privilegiou os valores e reafirmar que repudiamos toda e qualquer forma de exclusão. Contamos com a compreensão nesse momento e as providências internas já foram tomadas.
Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um compromisso público de sermos cada vez mais intolerantes e intransigentes nesse sentido. Enfrentaremos esse momento com humildade e o superaremos, fica o aprendizado.
Atenciosamente,
A Direção”
Eliane afirma que aceitou as desculpas da escola e, agora, espera que eles repensem o posicionamento inicial.