Estudantes denunciam colega por postagens nazistas, racistas e discurso de ódio
Um grupo de estudantes universitários procurou a Polícia Civil na última terça-feira (25) para registrar um boletim de ocorrência contra um colega do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). O aluno é acusado de usar as redes sociais para disseminar mensagens de ódio com teor nazista, racista e homofóbico.
Prints de um perfil na rede X (antigo Twitter), atribuído ao estudante, mostram postagens ofensivas contra negros, judeus e pessoas LGBTQIA+. Em uma das mensagens, por exemplo, ele escreveu: “Nós, brancos, não somos e nunca seremos iguais aos negros e judeus, pois são uma raça inferior.”
Diante da repercussão entre os alunos, a conta foi deletada. No entanto, os relatos não se limitam às redes sociais. Segundo os denunciantes, o jovem costumava circular pelo câmpus com uma cópia do livro Mein Kampf, de Adolf Hitler, e vestindo roupas de bandas que fazem apologia ao nazismo.
Além disso, há relatos de ameaças diretas. Em um dos episódios mencionados no boletim de ocorrência, o aluno teria dito a um colega negro que iria “mandá-los para a senzala”. Outro estudante, de etnia parda e autista, também teria sido ameaçado de agressão. O grupo afirma que comunicou a coordenação da universidade sobre o comportamento do suspeito.
O delegado Joaquim Adorno, titular da Delegacia Estadual de Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e de Intolerância (Deacri), confirmou o registro do caso e garantiu que ele será investigado.
“A probabilidade de instauração de inquérito policial é muito grande. O fato vai ser apurado, mas seguimos o processo dentro da lei para evitar falsas denúncias. Primeiro verificamos as evidências antes de formalizar qualquer procedimento”, afirmou Adorno.
O Jornal Opção tentou contato com a PUC Goiás e com o estudante acusado, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
Casos como esse nos fazem questionar: como um discurso de ódio tão explícito ainda encontra espaço dentro de uma universidade, um ambiente que deveria promover conhecimento, respeito e diversidade? O fato de estudantes se sentirem ameaçados ao ponto de faltar aulas mostra que essas ideias ultrapassam as redes sociais e geram medo real.
O nazismo e qualquer forma de supremacia racial são crimes e não podem ser normalizados. O silêncio diante desse tipo de situação não é uma opção. A denúncia e a responsabilização são passos fundamentais para garantir que ambientes acadêmicos e a sociedade como um todo sejam seguros e respeitosos para todos.
Que esse caso sirva de alerta: a luta contra o ódio não pode parar.