Revista Raça Brasil

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Exposição “Afro-Américas” celebra herança ancestral negra no Rio

A partir do dia 4 de junho, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, se torna um espaço de reencontro com as raízes, as dores e as potências do povo negro com a chegada da exposição “Ancestral: Afro-Américas”. A mostra reúne cerca de 160 obras de artistas negros do Brasil e dos Estados Unidos, como Abdias Nascimento, Simone Leigh, Emanuel Araújo, entre outros nomes que ajudam a contar histórias muitas vezes apagadas — mas que continuam vivas na memória coletiva.

Com curadoria de Ana Beatriz Almeida e direção artística de Marcello Dantas, a exposição propõe um diálogo profundo entre arte, ancestralidade e resistência. As obras convidam o público a refletir sobre o que foi negado, mas também sobre o que permanece: os saberes, os ritmos, as crenças e os corpos que seguem afirmando sua existência.

Um dos destaques é a obra inédita do artista norte-americano Nari Ward, criada especialmente para a exposição, em solo brasileiro. A partir de materiais como açúcar, algodão, ferro e cachaça — produtos historicamente ligados à escravidão —, ele constrói uma peça que ecoa a espiritualidade do povo Bakongo, do sul da África. A obra, que remete também à bandeira brasileira, nos confronta com perguntas sobre pertencimento, identidade e a verdadeira construção da nação.

Mais do que uma exposição de arte, “Ancestral: Afro-Américas” é um chamado à escuta. É sobre honrar a memória de quem veio antes e dar visibilidade às narrativas que ainda lutam por espaço. É sobre lembrar que, por trás de cada obra, há histórias de dor, mas também de beleza, de reconstrução e de futuro.

Numa sociedade ainda atravessada pelo racismo, ocupar espaços como o CCBB com a arte negra é um gesto político e espiritual. A mostra convida o público a olhar para a ancestralidade não como algo distante, mas como um caminho para compreender quem somos e como podemos seguir.

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