Revista Raça Brasil

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Filme Gravado em Vila Arlindo Exalta Cultura Negra e Transforma Comunidade

Vila Arlindo, no interior de Venâncio Aires, está vivendo dias de cinema. Foi ali que nasceu “Quilombo de Heróis”, um curta-metragem cheio de significado que não só exalta a cultura afro-brasileira, mas também está deixando um rastro de orgulho e emoção na comunidade.

Idealizado e produzido por Jaque Santos, primeira mulher negra a assinar uma produção cinematográfica na região, o filme tem 26 minutos e foi gravado em cenários locais como a Escola Pedro Beno Bohn e a Biblioteca Pública Caá Yari. O projeto ganhou vida graças ao apoio da Lei Paulo Gustavo e da Prefeitura de Venâncio Aires.

Heróis negros e ancestralidade no centro da história

Na tela, três jovens heróis negros – Akin, Zuri e Alika – vivem em um quilombo e recebem a missão de resgatar crianças desaparecidas na mata. Eles são guiados por Juca, um Preto Velho interpretado por Sergio Rosa, que também dividiu a direção do filme com Jaque.

Para Jaque, o objetivo vai muito além do entretenimento:

“Eu sonho em ver as crianças assistindo ao filme e querendo ser aqueles heróis. Quero desmistificar a matriz africana e mostrar nossa ancestralidade de forma positiva.”

Sergio, que vive Juca, mergulhou no papel. Deixou a barba crescer por cinco meses, descoloriu cabelo e barba, e até aprendeu a fumar palheiro, usado numa cena em que a fumaça vira efeito especial para a transformação dos jovens em super-heróis.

Orgulho que se espalha pela comunidade

O filme tem um significado especial para os moradores. Grande parte do elenco é formada por crianças que participam das oficinas de teatro ministradas por Jaque na Escola Pedro Beno Bohn. E as gravações aconteceram, em boa parte, na casa da mãe de Sergio Rosa – um cenário perfeito, cheio de natureza e elementos rústicos, que ficou ainda mais simbólico quando pesquisadores da Unisc revelaram que a região pode ter sido um quilombo histórico.

“Foi uma coincidência muito feliz. O quilombo é lugar de luta, de união, de cura e de pertencimento,” diz Jaque.

A diretora da escola, Lara Maria de Azeredo Hen, conta que o impacto foi imenso:

“As crianças estão muito felizes, e os pais também. A comunidade se sentiu valorizada.”

A supervisora escolar Débora Beatriz Gottme completa:

“Educar vai muito além da sala de aula. Projetos como esse despertam sentimento de pertencimento e incentivam a socialização.”

E ninguém ficou mais empolgado do que as crianças. O aluno Wallace da Silva Werner, que estreou no curta, disse com brilho nos olhos:

“Foi a primeira vez que participei. Achei muito bonito. A ‘sora’ Jaque é muito boa em fazer filmes. Gostei muito.”

Onde assistir?

“Quilombo de Heróis” está disponível gratuitamente no canal Afro Cena, no YouTube, desde 2 de julho. Mais que um filme, é uma homenagem à força dos quilombos, à representatividade negra e à certeza de que todo lugar, até os cantos mais tranquilos do interior, pode gerar heróis – dentro e fora das telas.

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