Produções nacionais e internacionais abordam temas como solidão, maternidade, racismo e autoestima a partir da perspectiva de protagonistas negras
A arte tem o poder de provocar, emocionar e transformar. E quando o cinema se propõe a retratar com sensibilidade e profundidade as experiências de mulheres negras, ele se torna também uma ferramenta de resistência. Entre dilemas cotidianos e estruturas sociais que impactam diretamente suas vidas, essas narrativas trazem à tona questões como a solidão da mulher negra, as pressões sobre seus corpos, a maternidade solitária, os apagamentos históricos e as disputas por liberdade e identidade.
Listamos três filmes marcantes que se destacam por colocar mulheres negras no centro da narrativa e nos convidam a refletir sobre suas dores, conquistas e complexidades.
- “A Cor Púrpura” (1985 / remake em 2023)
Baseado no livro de Alice Walker, o filme é um retrato potente da trajetória de Celie, uma mulher negra do sul dos Estados Unidos no início do século 20, que enfrenta abusos, abandono e opressões — mas também descobre a força da sororidade e o poder de se reconectar com sua identidade. A nova versão musical, lançada em 2023, atualiza o olhar sobre o feminino negro com ainda mais potência visual e emocional. - “Que Horas Ela Volta?” (2015)
Embora não tenha como protagonista uma mulher negra, o longa brasileiro de Anna Muylaert toca diretamente em dilemas enfrentados por muitas mulheres negras no Brasil: o trabalho doméstico, a maternidade atravessada por ausências, e as fronteiras raciais e de classe dentro de uma mesma casa. A personagem Val, vivida por Regina Casé, espelha o cotidiano de milhares de mulheres que criam os filhos dos patrões enquanto precisam deixar os seus para trás. - “Meu Nome é Pauli Murray” (2021)
Este documentário da Amazon Prime resgata a trajetória de Pauli Murray, figura fundamental na luta por direitos civis nos Estados Unidos. Negra, não-binária e lésbica, Pauli foi advogada, poeta, ativista e precursora de ideias que influenciaram nomes como Ruth Bader Ginsburg e Thurgood Marshall. A obra ilumina os desafios enfrentados por quem ousa ser múltipla e disruptiva em um mundo que insiste em impor rótulos e silenciamentos.