Fim de semana de protestos na África e Europa

Vários países no mundo organizaram protestos durante o fim de semana contra o assassinato violento de George Perry Floyd Jr., que perdeu a vida diante das câmeras no último dia 25 de maio asfixiado por um policial branco, na cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos.

No dia seguinte ao homicídio, com o vídeo viralizado nas redes sociais, os policiais envolvidos no assassinato foram demitidos pelo comando da corporação.

Dois dias depois da morte de Floyd, os protestos, que haviam começado de forma pacífica, se intensificaram após declarações do promotor responsável pelo caso de que ele não tinha a intenção de prender o policial Derek Chauvin, autor do crime.

A investigação levou quatro dias para “reunir provas” ainda que o vídeo estivesse circulando em todas as redes sociais do planeta. Chauvin foi acusado de assassinato em terceiro grau (sem a intenção de matar) e homicídio involuntário. Essa decisão gerou uma onda ainda maior de novos protestos em todo o território norte americano e outras partes do mundo. A promotoria mudou a acusação, classificando em homicídio de segundo grau, quando há a intenção de matar.

Durante o fim de semana, na África e Europa, muitas cidades registraram atos e marchas contra a violência policial e a recorrente dizimação do povo negro. Além da solidariedade e o pedido de justiça pela morte de Floyd, os atos foram marcados por denúncias de crimes cometidos pelas autoridades policiais como um todo.

Em Cape Town na África do Sul, ativistas se reuniram na porta do Parlamento com placas onde se lia “Vidas Negras Importam”, “Silêncio dos Brancos = Violência” e “Justiça para George Floyd e Collins Khosa”, uma das mais recentes vítimas da violência policial no país. A União Africana emitiu uma nota condenando veementemente a morte de George Floyd.

Foram registrados atos pacíficos em frente às embaixadas americanas de Quênia, África do Sul, Tanzânia, Uganda, Congo e Zimbawe.

No sábado, 6 de junho, na capital de Dublin, Irlanda, dois atos foram organizados: um na embaixada norte americana e outro no Spire, local de protestos e atos de ativistas irlandeses. No ato em frente ao Spire, muitos irlandeses com origem africana usaram o microfone para dizer que “parece que a sociedade irlandesa não é racista, mas ela é!”.

Também no sábado, dia 6, a Alemanha registrou protestos em pelo menos duas cidades: Hamburgo e Berlim. Em Berlim, segundo a militante Sandra Bello, ativista do Quilombo Alle, cerca de quinze mil pessoas participaram do protesto silencioso ao som de Fela Kuti. Bello vive há 22 anos na Alemanha e declarou em sua página pessoal de uma rede social que “viveu para ver o mundo se articular contra o racismo”. Nas faixas e placas exibidas pelos presentes que lotaram a Alexander Platz lia-se “Black Lives Matter” e “Não posso respirar”.

Em Barcelona, na manhã de domingo, 7 de junho, milhares marcharam cantando “aqui estão os antirracistas”. Segundo o ativista João Batista Junior, paulistano que vive em Barcelona há 14 anos, brasileiros que usaram a palavra, o fizeram para denunciar os assassinatos do povo negro no Brasil, onde um negro é assassinado a cada 23 minutos. “Eu não esperava por aquela multidão. Foi emocionante”, declarou o ativista.

A convocação para o ato em Barcelona foi feita pelo CNAE – Comunidades Negro Africanas e Afrodescendentes na Espanha. A brasileira Dai Sombra, 19 anos de Espanha, declarou que o Coletivo Mulheres Brasileiras contra o Fascismo, um dos grupos no qual ela milita, compôs o núcleo da segurança, e que uma de suas funções principais era a distribuição de máscaras e luvas de proteção aos manifestantes para a contenção da contaminação pela Covid-19.

“A multidão entoava as palavras de ordem “parem de nos matar”” relatou a ativista que também atua em um coletivo antirracista decolonial. Dai Sombra explicou que houve “um paralelismo das opressões em Barcelona, sobretudo nas fronteiras e centros de internação de estrangeiros, como um reforço da campanha “Regularização Já”, em defesa dos imigrantes que não estão recebendo atendimento” em especial os que são vítimas da Covid-19.

Ainda no domingo, no Reino Unido, a estátua de Edward Colston, um comerciante de escravos do século XVII, foi derrubada em Bristol por manifestantes do Black Lives Matter.

 

*Com informações da All Jazeera e BBC

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Correspondente da RAÇA na Europa e Africa é Jornalista e Tradutora. Foi selecionada com outros cinco jornalistas brasileiros pela Fundação Thomson-Reuters para um curso sobre os Objetivos do Milênio (2015).

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