Fórum Brasil Diverso e Fundação Dom Cabral firmam parceria para 2020
Quais os limites para um homem ou uma mulher negra chegar ao topo da carreira? Por que nas 500 maiores empresas do Brasil, apenas 4,6% dos cargos de decisão são ocupados por esses profissionais? E os executivos negros que chegaram ao topo da carreira o que dizem sobre esse assunto, o que estão fazendo nas suas empresas para que num futuro próximo tenhamos mais negros galgando esse lugar no ambiente corporativo?
Essas e outras perguntas foram amplamente debatidas na sede da Fundação Dom Cabral no lançamento do Fórum Brasil Diverso 2020, que contou com nomes de peso do mundo corporativo. Estiveram presentes CEOs, VPs, que estão fazendo a diferença, seja como exemplos de quem chegou e está chegando lá, ou com atitudes que têm ajudado a impulsionar as mudanças no mundo corporativo.
Para Carlos Arruda, responsável direto pelo PGA, programa que há mais de 30 anos forma os principais CEOs das empresas brasileiras, é triste ver que nessas três décadas de atuação em que formamos centenas de CEOs apenas dois candidatos de origem negra passaram por nós.
Como idealizador do Fórum Brasil Diverso, penso que as duas instituições devem se unir num esforço conjunto e provocar a discussão no meio corporativo. Esse caminho levará ao imediato questionamento das diretrizes, leia-se “filtros”, criadas com viés consciente ou inconsciente de exclusão nos cargos de decisão.
O Fórum pode ser encarado como a maior reunião de altos executivos negros já realizada no país. Contou com a presença de nomes de peso: Adriana Rosa Partner Korn; Barbara Luiza Zabori, Diretora de Diversidade Symrise Brasil; Edvaldo Santiago Vieira, Diretor Executivo de Operações Brasil Amil/UHG; Erik Bispo, VP de Operações ArcelorMittal Longos; Fábio Ferraz de Oliveira, Diretor de Operações Regionais Proximidade Carrefour Brasil; Gilberto Costa, Vice President Head of Private Bank Brazil Operations J. P. Morgan; Mauricio Rodrigues, Vice-presidente de Finanças Bayer; Renata Lima, CFO Siemens; Ricardo Cancela, Chief Visionary Officer Mentor Entrepreneur Board Advisor GBDN Global Business; Leonardo Souza Lima, Tesouraria Corporativa Carrefour Brasil; Ronaldo Ramos, Fundador CEO Lab; Theo van der Loo, Founder and CEO NatuScience.
Outros veteranos do mundo corporativo também passaram para dar o seu recado, caso do consultor financeiro Edison Dias, que por anos foi um dos homens mais fortes do HSBC, instituição pioneira na área de diversidade no Brasil no setor bancario. Dias ressaltou: “A sorte é uma coisa, outra é a coragem de promover a mudança. É isso que precisamos.”
Para Gilberto Costa, Vice President Head of Private Bank Brazil Operations J. P. Morgan, o olhar deve estar atento também à questão de raça e gênero, pois, “se temos um gap de líderes negros em cargos de decisão, no caso da mulher negra temos um abismo”.
Encerrando o lançamento do fórum, agradeci aos participantes, alguns vindos de outros estados, representando suas empresas, como no caso de Erik Torres Bispo dos Santos, vice-presidente da Aecelor Mittal. Santos, que voou do Espírito Santo, deixou seu recado: “Foi preciso que as pessoas na empresa entendessem que sou negro, embora não retinto por conta do colorismo; se não assumisse, ninguém me via como tal por conta do meu cargo. Eu desejo que um dia possamos vivenciar um ambiente onde as pessoas consigam se reconhecer, identificar-se e mostrar-se como são.”
Fonte: Istoé Dinheiro