A história de Resende ganha novos contornos a partir desta quarta-feira (10), com a abertura da exposição Ascensão, da fotógrafa Dude Bromius. Muito além de um ensaio visual, a mostra é um manifesto que resgata memórias, denuncia silêncios e coloca os protagonistas negros da cidade no centro da narrativa, onde sempre deveriam estar.
São 16 fotografias em oito painéis frente e verso que retratam moradores e trabalhadores negros, conectando passado e presente em um diálogo de resistência, superação e identidade cultural. Os cenários escolhidos — praças, ruas de pedra, sobrados e casarões — carregam marcas da escravidão e das injustiças raciais, mas também se transformam em palco de novas histórias, cheias de sonhos e conquistas. Entre eles, a simbólica Praça do Centenário, antigo espaço de dor e exclusão, hoje ressignificado como lugar de memória e afirmação.
“Ascensão é um convite à reflexão sobre as raízes negras de Resende. É sobre enxergar e valorizar quem sempre esteve presente na construção da cidade, mas tantas vezes foi apagado da história oficial”, explica Dude Bromius.
Com trajetória marcada por projetos sociais e culturais, a artista se dedica a capturar a alma das histórias que fotografa, promovendo representatividade e fortalecendo a identidade negra.
A exposição fica até o dia 17 na Estácio de Resende, no bairro Vila Adelaide, com entrada gratuita. Depois, segue para o Alphapark e encerra no Porão das Artes, em outubro, com sessão especial para participantes do Programa Gente Eficiente. A proposta é ampliar cada vez mais esse diálogo, levando a mostra a diferentes espaços e instituições que reconheçam o valor da memória e da luta do povo negro.