Gerente da Zara será indiciado por racismo em caso de delegada barrada

Em setembro, a delegada Ana Paula Barroso foi impedida pelo gerente da loja de entrar na Zara, em um shopping na cidade de Fortaleza

Com informações do G1 – O gerente da unidade da loja Zara em Fortaleza foi indiciado por racismo, em razão da abordagem a uma delegada de polícia negra, barrada ao tentar entrar no estabelecimento. O caso aconteceu em 14 de setembro. A delegada Ana Paula Barroso, diretora adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis, foi barrada quando entrava no local tomando um sorvete.

A Zara disse que a abordagem não foi motivada por questão racial, mas por causa de protocolos de saúde. Informou ainda que não aceita nem tolera discriminação.Em nota, a Polícia Civil disse que “concluiu as investigações relacionadas ao inquérito policial que investigava um caso de racismo” e “o suspeito do caso foi indiciado pelo crime de racismo”.

O g1 apurou que o indiciado é Bruno Filipe Simões Antônio, gerente da loja. Procurada, a loja Zara disse que não vai se pronunciar no momento.Nesta terça-feira (18), a Polícia Civil fará uma coletiva de imprensa para divulgar mais detalhes sobre a investigação policial que resultou no indiciamento do gerente por racismo.

O crime de racismo contra a delegada Ana Paula pode gerar reclusão de um a três anos e multa ao funcionário suspeito de cometer a discriminação racial, e também punição cível à loja, segundo a Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE).

A lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define e pune casos de racismo prevê que tanto o estabelecimento quanto a loja podem sofrer punições judiciais, explica Tharrara Rodrigues, integrante da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-CE.

Relembre o caso

Naa terça-feira (14), a delegada e diretora-adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis, Ana Paula Barroso alega ter tido sua entrada barrada em uma loja de roupas no Shopping Iguatemi, em Fortaleza (CE).

Barroso tentou entrar na loja da Zara, quando foi abordada por um funcionário que alegou “questões de segurança”. Ao solicitar informações sobre a conduta do funcionário, a delegada alega não ter sido “autorizada” a entrar.Inicialmente, após a denúncia realizada pela delegada, a loja se recusou a entregar as gravações.

No último domingo, a Polícia Civil fez a apreensão dos equipamentos de registro de vídeo por meio de autorização judicial e vai estabelecer a investigação do caso.A Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza instaurou um inquérito para investigar o suposto crime.Zara afirma que problema foi com máscara

Representantes da Zara informaram que o funcionário da loja barrou a entrada da delegada Ana Paula Barroso porque a mulher tomava sorvete no momento em que estava entrando na loja e usava a máscara de maneira inadequada, o que contraria os protocolos contra a Covid-19.

A diretora-adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis da Polícia Civil do Ceará conta que questionou o funcionário se sua entrada seria impedida porque ela estava tomando sorvete, mas Ana Paula diz que o homem teria repetido inúmeras vezes que era uma determinação do shopping, sem explicar o motivo.Ana Paula relata que procurou a equipe de segurança do shopping para relatar o que estava acontecendo e afirma ter questionado se foi barrada por estar comendo, segundo ela, três seguranças do shopping responderam que não havia qualquer determinação nesse sentido. Em seguida, a mulher voltou à loja com o chefe da segurança e o gerente teria confirmado a versão da delegada.

Em entrevista para O Globo, a delegada contou que o gerente da loja ainda tentou se justificar dizendo que não tinha preconceito: “Ele se desculpou, tentou [se] justificar [dizendo] que tem amigos negros, amigos transexuais, disse que não tem preconceito. Eu respondi que aceitava as desculpas, mas o chefe de segurança me falou que precisava fazer um relatório, no qual constaria que o atendente confirmou minha versão. Só depois desse relatório e de falar com amigos e família é que ficou clara a situação de racismo na minha cabeça”, conta.

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