Há três anos sem ver o filho, senegalês que viralizou nas redes está ansioso para reencontrar a família

O senegalês Moussa Niang, que viralizou nas redes após devolver cerca de R$ 300 que havia recebido por engano de uma cliente na praia da Barra da Tijuca, conta os dias para reencontrar a família. Morador da comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, ele veio para o Brasil em busca de trabalho e de melhores condições de vida. Após três anos, ele conseguiu juntar dinheiro suficiente para retornar à região de Matam, no interior do Senegal, e rever o filho Mustafá, de apenas seis anos, e a sua mulher.

— Estou com muita saudade do meu filho. Em todo esse tempo que estive aqui no Brasil, só nos comunicamos por meio de mensagens de áudio no telefone. Estou muito ansioso para voltar e reencontrar a minha família. Quando eu chego em casa, não saio porque tenho medo da violência da cidade — conta o senegalês, que juntou dinheiro e volta em agosto para o Senegal, onde fica por seis meses na busca de um emprego: — Se possível, não volto para o Brasil. Eu não quero deixar a minha família de novo.

Moussa compra em São Paulo os óculos escuros que sustentam os seus sonhos no Rio há quase três anos. Junto com o amigo compatriota Khassin Loum, os dois compram as mercadorias no comércio popular da Rua 25 de Março, na região central paulistana. De acordo com Moussa, as viagens ao outro estado acompanham o sucesso das vendas.

— Nosso lucro varia muito, de acordo com a quantidade de pessoas na praia. No verão, vendemos e viajamos mais. Já em dias de céu nublado, o sucesso não é o mesmo. Ontem (terça-feira), por exemplo, eu não vendi nenhum óculos — lamenta Moussa, que comercializa cada peça a R$35 e trabalha todos os dias, das 9h às 17h.

Sem a presença da família aqui no Rio, a vida de Moussa seria muito mais solitária se não fossem os amigos. Aos sábados, segundo ele, cerca de 50 senegaleses se encontram na Associação Senegalesa, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Na maioria islâmicos, eles se reúnem para rezar e trocar experiências vividas aqui no Brasil.

Moussa e Khassin chegaram ao Brasil em 2015, mas em períodos diferentes. Moussa tem origem mais humilde, e trabalhava numa mercearia no país africano. Chegou a trabalhar em uma metalúrgica no Paraná, mas, como os salários atrasavam, decidiu tentar a sorte no Rio. Já Kassim é filho de um professor de Matemática e formado em Direito pela Universidade do Senegal. Hoje, os dois trabalham como ambulantes.

A história de Moussa tornou-se conhecida após seu ato de honestidade — o que, para ele, não foi nada de mais, já que aprendeu “que ninguém não pode ficar com algo que não lhe pertence”. A carioca Juliana Figueiredo comprou um óculos com Moussa e pagou no cartão bancário. No entanto, os R$ 35 da peça viraram, por um erro de digitação, mais de R$ 300, que foram devolvidos a Juliana pelo senegalês.

— Qualquer senegalês que você vir aqui no Rio pode ter certeza que é honesto. Eu já vi muito camelô tentando passar a perna em cliente — alertou Khassim.

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