“Hino nacional negro” volta ao Super Bowl 2025 e reacende debate nos EUA

O Super Bowl LIX, que acontece neste domingo (11) em Nova Orleans, vai contar mais uma vez com a interpretação de “Lift Every Voice and Sing”, conhecida como o “hino nacional negro” nos Estados Unidos. A responsável pela apresentação será a cantora Ledisi, marcando o quinto ano consecutivo em que a música faz parte da cerimônia oficial da NFL.

Mas, assim como nos anos anteriores, a presença do hino voltou a gerar polêmica. Enquanto muitos celebram a tradição e o reconhecimento da canção como um símbolo da luta por igualdade, há quem critique a decisão da liga, alegando que ela cria divisão entre os americanos.

Escrita como um poema em 1900 por James Weldon Johnson, a canção foi musicada e se tornou um dos grandes hinos do Movimento dos Direitos Civis nos anos 1950 e 1960. Um dos trechos mais marcantes diz:

“Vamos marchar até que a vitória seja conquistada.”

A música tem um significado profundo para a comunidade negra nos Estados Unidos e é frequentemente entoada em eventos e manifestações que reforçam a luta por justiça e igualdade racial.

Antes do início do jogo, marcado para 20h30 (horário de Brasília), além da apresentação de Ledisi, o evento também contará com:

Jon Batiste cantando o hino nacional dos EUA, “The Star-Spangled Banner”.

Trombone Shorty e Lauren Daigle interpretando “America The Beautiful”.

O show do intervalo, que será comandado pelo rapper Kendrick Lamar.

A inclusão do hino no Super Bowl tem sido alvo de críticas desde 2020, quando a NFL decidiu incorporá-lo ao evento, no contexto dos protestos contra o racismo após o assassinato de George Floyd.

Figuras como Kari Lake, Megyn Kelly e Matt Gaetz já manifestaram oposição à canção em edições anteriores, mas, até agora, não houve grandes manifestações públicas contra sua presença no evento deste ano.

O reverendo Lennox Yearwood Jr., presidente da organização Hip Hop Caucus, criticou as tentativas de boicote:

“Essas ameaças são perturbadoras e desrespeitosas. Elas só reforçam por que ‘Lift Every Voice and Sing’ continua sendo tão necessário nos dias de hoje.”

Além da polêmica em torno do hino, a NFL está sendo criticada por outra decisão, a liga retirou o slogan “End Racism” (Fim do Racismo) das end zones do campo e substituiu por “Choose Love” (Escolha o Amor). Para muitos, a mudança sinaliza um recuo no compromisso com a luta antirracista.

Outro fator que pode trazer mais tensão ao evento é a possível presença do presidente Donald Trump, conhecido por suas críticas a iniciativas de diversidade e inclusão no esporte.

A NFL ainda sente os reflexos do protesto iniciado por Colin Kaepernick em 2016. O ex-quarterback ajoelhou durante o hino nacional para denunciar a injustiça racial, gerando um grande debate no país e inspirando atletas de diversas modalidades a fazerem o mesmo.

Apesar de sua importância como símbolo da luta por igualdade, Kaepernick nunca mais voltou a jogar na NFL desde 2016. Em 2018, ele foi o rosto de uma campanha da Nike, reforçando sua imagem como um ativista pelos direitos civis.

Diante desse cenário, o Super Bowl LIX promete ser muito mais do que um grande evento esportivo. Mais uma vez, o jogo reflete os debates sociais e raciais que seguem marcando a história dos Estados Unidos.

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