Revista Raça Brasil

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Clássico afro-americano Homem Invisível, ganha nova edição no Brasil

Obra de Ralph Ellison, sobre identidade negra e invisibilidade social volta às livrarias com edição ampliada e nova capa assinada por Angelo Bottino

Um dos romances mais importantes do século XX, Homem Invisível, do escritor afro-americano Ralph Ellison, acaba de ganhar uma nova edição no Brasil. 

Publicado originalmente em 1952, Homem Invisível narra a trajetória de um jovem negro que deixa o sul segregado dos Estados Unidos e parte em busca de oportunidades em Nova York. Pelo caminho, o protagonista se envolve com movimentos políticos e sociais, mas nunca se sente plenamente reconhecido ou compreendido. Ao longo das 574 páginas, Ralph Ellison constrói um retrato profundo da exclusão racial, da luta por identidade e da busca por pertencimento em uma sociedade que insiste em não enxergar seus sujeitos negros.

Mais do que um romance de denúncia, a obra é considerada um marco na literatura moderna por sua linguagem simbólica, sua crítica social afiada e sua força filosófica. “Mais de um terço de século após sua publicação original, Homem Invisível está completamente confirmado como um clássico estadunidense”, escreveu o crítico Harold Bloom.

Vencedor do prestigiado National Book Award, Homem Invisível influenciou gerações de leitores, artistas e pensadores. Seu autor, Ralph Ellison (1914–1994), foi neto de pessoas escravizadas, trabalhou como cozinheiro na marinha mercante e se formou no programa federal para escritores em Nova York. Embora tivesse sonhado inicialmente em ser músico clássico, tornou-se um dos maiores nomes da literatura do século XX — com forte influência do jazz, da tradição oral negra e do pensamento político radical.

Com nova edição, publicada pela editora José Olympio, selo do Grupo Editorial Record, o livro segue essencial para quem deseja entender as estruturas do racismo e a persistente invisibilidade da população negra nas sociedades contemporâneas.

Na mesma direção temática, o escritor brasileiro, Oswaldo de Camargo, publicou em 1978 a novela ‘A descoberta do frio‘. Referência da literatura brasileira, “A descoberta do frio” evidencia o racismo que faz pessoas negras desaparecerem. Edição revisada pelo autor, sai pela Companhia das Letras e conta com ilustrações de Kika Carvalho

A potência da obra – que se tornou referência na literatura brasileira e nas estantes de estudiosos, leitores vorazes e uma multidão de ativistas, especialmente do movimento social negro, já tinha sido anunciada na primeira edição, quando o também intelectual negro Clóvis Moura (1925-2003) afirmou que, com o livro, Oswaldo de Camargo assume “uma posição de denúncia e, ao mesmo tempo, de reelaboração estética de um conflito social, político, cultural e étnico”.

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