Homens trans proibidos de sair nos filhos de gandhy
Os foliões do Afoxé Filhos de Gandhy foram surpreendidos com uma nova regra para o Carnaval deste ano, apenas homens cisgênero poderão desfilar no bloco. A decisão, informada em um comunicado oficial, gerou indignação e levantou debates nas redes sociais.
O chamado “Termo de Aceite”, enviado junto com a fantasia de 2025, especificava que mulheres e homens trans não poderiam participar. “De acordo com o artigo 5º do Estatuto Social, só poderão ingressar na associação pessoas do sexo masculino, cisgênero. Por isso, a venda do passaporte será restrita a esse público”, dizia o documento.
A decisão rapidamente viralizou e gerou fortes críticas, especialmente da comunidade LGBTQIA+. “Oprimido querendo ser opressor? Inacreditável!”, comentou um internauta. Outro apontou que a restrição pode configurar discriminação.
Além da indignação do público, a polêmica coloca em xeque a imagem do Filhos de Gandhy, um dos blocos mais tradicionais do Carnaval de Salvador. Fundado em 1949, o afoxé é reconhecido por sua mensagem de paz e pela forte representatividade da cultura afro-brasileira. A exclusão de homens trans, no entanto, levanta questionamentos sobre inclusão e diversidade dentro do bloco.
Após a repercussão, a diretoria do bloco divulgou uma nota oficial reafirmando seu compromisso com a paz, o respeito e a tradição. No comunicado, o Filhos de Gandhy destacou que, desde sua fundação, é composto exclusivamente por pessoas do sexo masculino, independentemente de raça, credo, cor, religião, orientação sexual ou classe social.
O bloco também reconheceu a importância dos debates sobre inclusão e afirmou estar aberto ao diálogo. Como resposta imediata à polêmica, anunciou a retirada do termo “masculino cisgênero” do documento, deixando apenas a expressão “sexo masculino”. Além disso, informou que uma assembleia geral será convocada futuramente para discutir possíveis alterações no estatuto.
Ainda assim, o episódio evidencia um dilema entre tradição e inclusão, trazendo à tona um debate mais amplo sobre identidade de gênero e pertencimento dentro dos blocos afro de Salvador.