Identidade, de Rebecca Hall

Você é 100% você, diariamente? Quantas vezes você preferiu vestir uma roupa específica para poder adentrar em um escritório, evento ou restaurante? 

Quando se é uma pessoa negra, em uma sociedade racista como a nossa, mudar de roupa, atuar em um ramo específico e respeitado, ou mesmo ter dinheiro, não parece suficiente para driblar o racismo. Mas, se você tiver a possibilidade de não ser reconhecido/a como uma pessoa negra?

Essa “passabilidade” só é possível, porque o racismo no Brasil e em todo o mundo, atua com a ideia de que quanto mais escura a pele da pessoa for, mais racismo vai sofrer. Quanto mais clara for, possivelmente, de forma menos violenta o racismo atuará. Isso é uma teoria racista, conhecida como colorismo. Algumas pessoas, quando convém ou por qualquer outro motivo, se utilizam dessa estratégia do racismo para “passar” por negra ou por branca. `

Claire (Ruth Negga), personagem do filme “Identidade”, lançado em 2021 pela Netflix faz exatamente isso. Como tem a pele muito clara, decide se passar por uma mulher branca na tentativa de se distanciar do racismo. Mesmo sofrendo constantemente com o distanciamento de suas origens e comunidade Claire segue em frente. Ciente de sua identidade e consciência racial, ela faz de tudo para viver uma grande farsa, ao ponto de se casar com um homem branco e de comportamento nitidamente racista. 

Buscando não anular totalmente os laços com a comunidade negra, ela encontra na amizade de Irene, interpretada pela atriz Tessa Thompson, o lugar perfeito para existir enquanto pessoa negra. Irene, por outro lado, apesar de reprovar a atitude da amiga, se demonstra curiosa sobre o mundo e os acessos que uma mulher compreendida como branca pode ter nos Estados Unidos da década de 1920.